(Extraído de: https://yvypora.wordpress.com/2010/08/15/agua-para-a-casa-da-montanha/ - Artigo: Água para a Casa da Montanha)
Para planejar uma cisterna devemos conhecer o clima e o regime de chuvas local- quando chove, quanto chove e principalmente qual o tempo de estiagem maior na região. Com estes dados ainda devemos levar em conta quem vai usar esta água…
Ou seja, o plano de cisterna deve considerar:
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o consumo da casa = moradores x 150 litros/dia.
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tempo maior de estiagem no local.
Na casa da Montanha somos 2 pessoas, usando em média 150litros/dia, o que dá um consumo diário de 300 litros. Pode-se dizer: vocês usam muita água… Bem, se estou usando água que cai do céu e tratando desta água ao devolvê-la à natureza, não há nenhum problema… O problema está em usar muito quando há pouco e principalmente em usar e devolvê-la SUJA à natureza!
Numa cisterna, tampa e fundo são feitas uma sobre a outra, para que fiquem do mesmo tamanho. A parede é um retângulo que unirá tais peças. Na foto abaixo, Bel e Mariani colocando a tela de pinteiro na tampa que está sobre a base.
Fazendo o piso da cisterna.
Seguindo nosso raciocínio: precisamos de 300 litros/dia de água. Na nossa região o máximo de dias sem chuva é de 20 dias ou seja , se estivéssemos lá todos os dias precisamos de uma reserva de 300 x 20= 6000 litros…O regime de chuvas aqui é perto de 1750mm/ano, ou seja, chove muito!
Mas como permacultores responsáveis e pensando que a água não é algo negociável na vida, planejamos fazer duas cisternas uma menor no leste da casa e outra, maior na parte oeste, bem perto da nossa zona 5.
Começamos fazendo a grande do lado oeste que irá captar água de 75% do telhado, para garantir autonomia com certa folga. Assim, nossa cisterna terá 3m de diâmetro, por 2 de altura, o que dá um volume de:
Vol = 1,5² x 3,1416 x 2 = 14,137m³ ou seja, 14.137 litros
NA foto abaixo a estrutura da cisterna sendo preparada para começar a receber a massa de cimento areia (2 de areia por 1 de cimento).
A água será captada diretamente do nosso telhado, por calhas galvanizadas (com o tempo pensamos em usar nossos bambus gigantes, mas como eles estão pequenos, optamos por este material). A água que vem da calha passa por um sistema que armazena e descarta as primeiras águas da chuva, que lavam o telhado. Assim, só vai para a cisterna a água limpa.
Nesta foto já começamos a colocar a massa. Como o trabalho deve ser em um dia, trabalham 2 ou 3 duplas.
Os passos para se fazer tal trabalho são:
– Fazer o contra piso nivelado, com uma base de brita e concreto por cima.
– O traço de toda a massa usada aqui na cisterna é de 2:1 ou seja, 2 de areia lavada e 1 de cimento. Este traço faz uma massa forte e hidrófuga, já que vai segurar a água da cisterna.
– a Malha POP comprada pronta faz a estrutura
– sobre esta malha se amarra tela de pinteiro, que será a base onde a massa irá se prender.
– sobre esta “jaula” começa-se a colocar a massa trabalhando em duplas: uma pessoa fica dentro, com uma peça de fórmica para amparar a massa que está sendo colocada, e outra por fora, colocando a massa. Este trabalho deve ser feito em um único dia, para montar uma única estrutura de cimento, sem emendas. Se houverem furinho, não tem problema, eles serão cobertos no dia seguinte.
– Depois de ter a primeira camada de massa colocada, que fica dura já em 24h, fazemos a segunda camada, que é com a mesma massa um reboco por dentro e outro por fora, cobrindo buracos e todo e qualquer parte do ferro da estrutura que estiver aparente. Estas camadas também devem ser feitas de uma única vez, num único dia.
– Colocamos flanges, torneiras e registros para as instalações.
Deixa-se curar 24h, protegendo do sol e se preciso molhando para ajudar neste processo. Em seguida já se enche para terminar a cura da massa com água. É normal nos primeiros dias a cisterna “chorar”, se houverem vazamentos maiores é preciso esvaziá-la, arrumar com a mesma massa e voltar a encher. As águas desta primeira enchida devem ser descartadas, pois tem forte gosto de cimento.