(6-7-2019) - Um intenso terremoto de 7.1 magnitudes atingiu novamente a região de Ridgecrest, na Califórnia, a mesma região que sofreu um forte abalo há três dias. A região está sendo atingida por um enxame sísmico contínuo que já conta com mais de quatrocentas réplicas em 72 horas.
O novo evento ocorreu às 03h19 UTC (00h19 BRT) e foi localizado a 17 km de profundidade, sob as coordenadas 35.76N e 117.6W, a 17 km do nordeste da localidade de Ridgecrest.
O terremoto deste sábado é o mais forte a atingir a região nos últimos 40 anos e é cinco vezes mais forte que o tremor de 6.4 que atingiu a mesma região em 4 de julho.
De acordo com notícias locais, o terremoto deixou muitos feridos em Ridgecrest, além de ter provocado incêndios e danificado grandes estruturas no sul da Califórnia. Diversos incêndios ainda estão sendo debelados.
Estatística
Desde 1979, foram registrados 2502 tremores em um raio de 700 km ao redor deste epicentro. Ao redor de 100 km foram observados 119 eventos. O sismo mais próximo foi registrado a 14 km, em 04/07/2019 e atingiu 6.4 magnitudes. O tremor mais significativo desde 1979 ocorreu na Califórnia, a 10 km de Yucca Valley no dia 28/06/1992, a cerca de 203 km de distância do evento atual e atingiu 7.3 magnitudes.
Sobre o terremoto de 6.4 também na Califórnia, em 4-7-2019:
O monitor de terremotos mostra um violento terremoto de 6.4 pontos na escala de magnitudes ocorrido em CA, 12 km a sudoeste de Searles Valley às 17:33 UTC (04/07). O poderoso tremor teve seu epicentro estimado a 10 km de profundidade, sob as coordenadas 35.7 e -117.5.
Considerando a magnitude e a baixa profundidade em que ocorreu o evento, este tremor tem potencial suficiente para causar pesados danos e vítimas fatais caso tenha ocorrido abaixo de locais populosos.
Trata-se do esperado megaterremoto potencialmente devastador que, em algum momento, pode atingir o oeste americano a partir de uma gigantesca e famosa rachadura chamada falha de San Andreas - resultado da movimentação de duas placas tectônicas que trazem instabilidade sísmica à região.
Esta semana, terremotos voltaram a assustar a Califórnia. Mais de 100 tremores atingiram o sul do Estado dos EUA nos últimos dez dias. Depois de um abalo de magnitude de 6,4 ter atingido a região na quinta-feira (4), um novo tremor, dessa vez de magnitude 7,1, sacudiu o sul da Califórnia na noite de sexta-feira (5). Foi o maior tremor registrado na região em 20 anos.
Até onde se sabe, o epicentro desse último e potente tremor foi a 200 quilômetros de Los Angeles e, apesar de ter provocado deslizamentos, danos em imóveis e incêndios, o terremoto não deixou feridos graves. Especialistas, contudo, dizem que os dois fortes tremores se produziram "na mesma falha sísmica" que é diferente e distante da falha de San Andreas, a suscetível de causar "Big One". Afirmam ainda que é improvável que esses dois tremores recentes provoquem terremotos em San Andreas.
A Califórnia é uma região propensa a terremotos, uma vez que está sobre uma série de rachaduras da crosta terrestre, onde placas tectônicas se encontram e se movimentam. Essa movimentação das placas fez surgir uma das mais famosas falhas do planeta, a de San Andreas. O atrito entre essas duas placas tectônicas é responsável por frequentes tremores na Califórnia, classificada como uma das áreas de maior instabilidade tectônica do planeta. San Andreas é a maior dessas rachaduras e, potencialmente, a mais perigosa por marcar o limite entre as duas maiores placas tectônicas do planeta.
San Andreas tem, aproximadamente, 1,3 mil quilômetros de extensão e delimita placa tectônica norte-americana e a placa do Pacífico. O deslizamento entre as placas causa grande instabilidade em todo o estado da Califórnia, e foi a principal causa do violento terremoto que abalou a cidade de São Francisco em 1906. E sobre essas placas estão enormes centros urbanos, entre eles Los Angeles, a segunda cidade mais populosa dos EUA, e San Diego, com 38 milhões de habitantes.
A falha de San Andreas tem 1,3 mil quilômetros de extensão e delimita as duas maiores placas tectônicas do planeta - Foto: Dsearls/Visual Hunt
Questão de tempo
Em 1906, a Califórnia viu um terremoto de magnitude de 7,8 devastar grande parte da cidade de São Francisco, deixando mais de 3 mil mortos, quando a parte central da falha se rompeu.
Mas o que mais preocupa pesquisadores é a parte sul da falha, onde não se produz abalos sismos há cerca de 300 anos. Registros geológicos indicam que abalos de maior volume tendem acontecer a cada 150 anos na região e, por isso, acredita-se que essa área da falha de San Andreas esteja acumulando tensão.
Na Conferência Nacional de Terremotos, que aconteceu na Califórnia em 2016, cientistas fizeram um alerta dizendo que a área sul da falha de San Andreas estava 'carregada e pronta' para provocar um grande temor. Simulações dos efeitos de um grande terremoto foram feitas e indicaram que um tremor de 7,8 seria capaz de iniciar uma ruptura no sul da Califórnia, se alastrado rumo ao norte até atingir Los Angeles. Cálculos mais conservadores indicam que um tremor dessa magnitude nessa área específica de San Andreas poderia provocar a morte de 2 mil pessoas e deixar mais de 50 mil feridos.
As simulações indicaram ainda que 1% dos imóveis em uma área de 10 milhões de pessoas seriam jogados ao chão e mais da metade das construções teriam que ser desocupadas. Os danos materiais seriam superiores a 200 bilhões de dólares, o equivalente a mais de R$ 700 bi.
Sistema de alerta
Após o grande terremoto de São Francisco, no norte da Califórnia, novas regulamentações foram introduzidas, forçando o reforço de estruturas construídas em concreto, muitas das quais abrigam escolas e hospitais. Em 2014, a prefeitura de Los Angeles propôs regulamentações semelhantes.
No início deste ano, entrou em operação um sistema de alerta antecipado de terremotos semelhante ao que existe em países com alta atividade sísmica, como Japão ou México. É aplicativo móvel que alerta os residentes de Los Angeles até 40 segundos antes que ocorra um terremoto de magnitude 5 ou superior. Isso não só ajuda a alertar a população, mas também as autoridades.
Para os especialistas, a questão não é se a falha de San Andreas vai quebrar no sul da Califórnia, mas quando acontecerá.
Busca