(San Damiano - Itália)
(1964)
Na Itália, as mudanças políticas são sempre complicadas. Até 1963, o cenário político italiano dividia-se entre os democrata-cristãos e os democrata-socialistas, com influência dos comunistas, do Vaticano e dos supostos mafiosos, o que inspirava considerável incerteza. As intrigas dessa mistura foram temporariamente reduzidas quando Aldo Moro, da centro-direita, tornou-se primeiro-ministro, em 1963. O governo Moro foi vacilante, como a maioria dos governos italianos.
Uma aparição da Mãe Santíssima ocorreu em 1964. Foi impressionante,em virtude de diversos fenômenos admiráveis, entre os quais estavam as primeiras fotografias de uma das aparições da Virgem.
Sobre a vidente
Rosa Quatrinni, também conhecida como Mamma Rosa, nasceu em janeiro de 1909 em Sentimento de Rottofreno. Filha de Federico e Giacomina Buzzini, os quais tiveram sete filhos mas só quatro filhas sobreviveram à infância. A vida de Rosa e suas irmãs consistia em ir à escola e trabalhar na lavoura. Federico, como toda a família Buzzini, era muito devoto e piedoso. Ele morreu quando Rosa tinha dois anos. Rosa casou-se, mas suas três irmãs entraram para ordens religiosas. Uma delas acabou no Brasil como missionária, outra no Ceilão trabalhando entre leprosos e a terceira foi ser carmelita. As três irmãs ficaram contentes e gratas por Rosa ter sido escolhida como intermediária da Mãe Santíssima. As fotografias de Mamma Rosa mostram uma mulher forte, vestida modestamente com a escura roupa tradicional das camponesas italianas.
Sobre a aparição
Há dois outros lugares chamados San Damiano na Itália, mas este terceiro é mais um daqueles lugares remotos que não se encontram nos atlas comuns. Mencionado como povoado, situa-se em área montanhosa, uns 70 quilômetros a sudeste de Milão.
No povoado vivia Rosa Quattrini, mulher de Giuseppe, e ali conhecida como “Mamma Rosa”. Em 1961, ela sofria de tumores intestinais em estado avançado e diversas vezes foi hospitalizada em Piacenza. Antes da última internação, os tumores tinham perfurado as paredes intestinais e logo ela contraiu peritonite incurável, doença mortal e dolorosa. Às portas da morte, Mamma Rosa foi mandada para casa. Tinha 52 anos.
Em 29 de setembro de 1961, enquanto recebia os cuidados de sua tia Adele, Rosa estava acamada com dores excruciantes. Uma “senhora visitante” bateu à porta pedindo donativos para Padre Pio, o famoso frade do mosteiro dos capuchinhos em San Giovanni Rotondo, perto de Foggia. Padre Pio era conhecido por seus notáveis poderes de clarividência e precognição e manifestara estigmas. Entretanto, ele fazia o possível para não chamar a atenção e dedicava-se humildemente a obras de caridade. Mesmo assim, e apesar da ampla aceitação pública, o Santo Ofício não aceitava seus fenômenos e suas obras.
A visitante foi descrita como uma jovem de uns 25 anos, muito bonita, mais loira que morena. Usava um vestido cinza-azulado malfeito e carregava uma bolsa preta. Disse que vinha de muito longe. A mulher pediu à tia Adele permissão para visitar Rosa. Quando o sino da igreja anunciou o Ângelus, a senhora pediu a Rosa que o recitasse com ela. Depois disso, convidou Rosa a sair da cama e ofereceu-lhe a mão para ajudá-la a ficar de pé. A visitante, então, colocou as mãos nas partes doloridas do corpo de Rosa. Nesse momento, as dores de Rosa cessaram imediatamente – e ela ficou curada da peritonite e dos tumores perfurantes. Essa cura milagrosa foi, mais tarde, confirmada pelos médicos, para assombro de todos.
Rosa, em lágrimas, ajoelhou-se diante da senhora, e esta lhe disse para ir a San Giovanni Rotondo e apresentar-lhe a Padre Pio, o que Rosa fez assim que ficou completamente restabelecida e angariou o dinheiro para ir a San Giovanni Rotondo. Quando Rosa chegou lá, a mesma jovem lhe apareceu e disse ser a Mãe da Consolação e a Mãe dos Aflitos. Levou Rosa até Padre Pio e depois desapareceu. Seguindo as instruções de Padre Pio, Rosa consagrou-se ao cuidado dos doentes no hospital de Piacenza.
Dois anos depois, Padre Pio interrompeu Rosa em seu trabalho de cuidar dos doentes e lhe revelou que ela precisava voltar para casa, onde a aguardava missão muito importante. Rosa voltou a San Damiano em 1963, mas nada da “missão importante” evidenciou-se antes de 16 de outubro de 1964. Nesse dia, quando mais uma vez recitava o Ângelus, Mamma Rosa ouviu uma voz que a chamava de fora da casa. Ao sair, encontrou uma aparição da Virgem Santíssima suspensa no ar, acima de uma pereira. A Virgem disse-lhe que viria vê-la toda sexta-feira e lhe daria mensagens para transmitir ao mundo. Para provar a verdade de sua aparição, a Senhora disse que daria sinais, sendo o primeiro deles fazer a pereira florir fora de época. Pediu que fosse cavado um poço bem perto da árvore – e desapareceu.
Embora a cura de Rosa e o fato de Padre Pio apadrinhá-la lhe tivessem dado distinção especial, todo o mundo duvidou – pereiras só floriam na primavera (na Europa, a primavera ocorre de 21 de março a 20 de junho) e era outubro. Contudo, ao amanhecer do dia seguinte, todos viram a pereira carregada de flores que exalavam um perfume muito forte e agradável. Esse fenômeno causou sensação. Durante dezessete dias milhares de espectadores curiosos e a imprensa puderam admirar o fenômeno e centenas de fotografias foram tiradas e publicadas nos meios de comunicação. A mesma árvore voltou a florir no fim de setembro do ano seguinte.
Na sexta-feira seguinte, observada por um número considerável de pessoas, Rosa novamente viu a aparição da Senhora acima da pereira, o que aconteceu toda sexta-feira durante os 13 anos seguintes.
Durante as aparições que ocorreram, Rosa viu a Senhora vestida de várias maneiras, inclusive de vermelho. E sempre a Senhora estava de pé sobre rosas, ou estas flutuavam em volta dela, por isso ela ficou conhecida como “Nossa Senhora das Rosas”.
Na aparição de 9 de novembro de 1969, a Senhora disse: “Virei três vezes vestida de vermelho, como hoje. Depois dessas três vezes, o Pai Eterno agirá com justiça, se vocês (a humanidade) não pedirem perdão, se não se emendarem de todos esses pecados e sacrilégios.” Nesse momento, Mamma Rosa, em seu ligeiro transe, relatou: “A Mãe chegou à pereira, toda vestida de vermelho, em uma luz tão grande e resplandecente que brilha sobre o mundo inteiro – acompanhada de todos os anjos e também dos santos mártires que deram a vida por Jesus”.
Em 8 de dezembro de 1967, dia e mês em que se comemora a festa da Imaculada Conceição, a Virgem apareceu a cerca de duas mil pessoas, metade das quais era de países estrangeiros, como a França, Suíça, Alemanha, Iugoslávia, Áustria, Estados Unidos, Canadá e países sul-americanos. A multidão viu um sol que girou durante meia hora e lançou raios multicores. Estava completamente obscurecido e só se viam as arestas externas... como um eclipse. Entretanto, não houve eclipses em dezembro de 1967. Muitas fotografias foram tiradas desses fenômenos.
Em 9 de dezembro de 1968, o Diário de Piacenza publicou na primeira página: “Cento e cinquenta ônibus e cerca de mil carros trouxeram enorme multidão a San Damiano, ontem. Segundo as maiores estimativas havia cerca de dez mil pessoas... Uns trinta padres franceses estavam ao redor da pereira”. Chovera na noite anterior e ainda chovia sobre a multidão. Todos os acessos a San Damiano estavam bloqueados por carros e ônibus estacionados. E assim, milhares de pessoas com guarda-chuvas tiveram de caminhar com lama até os tornozelos para chegar à pereira – ou o mais possível perto dela. Era muito densa a multidão ao redor de Mamma Rosa e da pereira.
Em dado momento, Mamma Rosa pediu que todos fechassem os guarda-chuvas. Então, como em Fátima em 1917, surgiram diversos sinais que iriam variadamente estar presentes em algumas aparições. Para citar apenas alguns, eles são descritos como: sol giratório; duplicação do sol; cruzes brancas iluminadas, em diversas posições, algumas com o sol girando na intersecção das travessas verticais e horizontais da cruz; círculos perfeitos formados de pequenos raios parecidos com pingentes de gelo; um círculo perfeito de dez contas; raios de diversos contornos e formas; retângulos e triângulos no céu ou atrás do sol; barras ou colunas em posição vertical ou horizontal sobre fotografias inteiras; hexágonos; a imagem de um monge suspenso no ar.
Dezenas de fotografias foram tiradas desses fenômenos, em preto e branco e coloridas. Algumas fotos foram examinadas com muita seriedade e diligência pelo doutor Pierre Weber, engenheiro de pesquisas do Departamento Nacional de Estudo e Pesquisa no Ar e no Espaço, em Paris. Especialistas de diversos campos de meteorologia e análise de filmes examinaram outras fotografias. Ninguém descobriu uma causa natural para os fenômenos fotografados. Como não encontraram uma explicação plausível, eles e especialistas subsequentes mergulharam no silêncio e desistiram da busca para encontrar uma explicação natural. Nenhum dos especialistas, porém, ousou tirar conclusões que incluíssem uma explicação sobrenatural, por isso os incrédulos ficaram livres para afirmar que as fotografias eram falsificadas ou refletiam fenômenos atmosféricos naturais, de origem misteriosa.
Muita gente fotografou a área acima da pereira onde Mamma Rosa disse que a Mãe Santíssima apareceu. Na aparição de 17 de outubro de 1967, algumas das fotografias resultantes revelaram o “sinal” definitivo – uma forma luminosa, mas ligeiramente velada. Era claramente reconhecível como uma mulher que trajava um vestido longo, delineada por uma aura brilhante. O fundo das fotografias mostra, em geral, as folhas e os ramos mais elevados da pereira.
Os devotos ficaram impressionados, mas os incrédulos denunciaram as fotografias como falsas. Na verdade, as fotografias de San Damiano nunca se recuperaram dessa condenação, nem mesmo mais tarde, em 1968, quando foram tiradas as célebres fotografias em Zeitoun, Egito. Como ali as aparições foram observadas por no mínimo quinhentas mil pessoas, as fotografias de Zeitoun nunca foram contestadas. As fotografias da imagem tiradas em San Damiano são quase idênticas às tiradas em Zeitoun.
No decorrer das muitas mensagens em San Damiano, a Mãe Santíssima voltou a manifestar tristeza com a humanidade pecadora. Em geral, essas mensagens seguem o tema: “o diabo está agressivo no mundo inteiro”. Na mensagem de 25 de maio de 1970, a Virgem falou: “Sou insultada neste lugar (isto é, no mundo), sou tão desprezada, caluniada! Isso me causa muita tristeza, pois a humanidade não vê que venho para salvar todos”.
Algumas das mensagens referem-se a um apocalipse universal que está para vir, a não ser que o mundo mude seus modos pecaminosos. Na mensagem de 9 de setembro de 1969, a Mãe Santíssima disse: “E não temam, querido filhos, porque virei, sim, virei para o meio de vocês e todos vão me ver, e, então, acreditarão”. Acredita-se que isso se refira a grandes aparições que ainda estavam para vir, embora, em 1969, a aparição em Zeitoun, Egito, já acontecesse havia um ano.
Em 29 de dezembro de 1966, enquanto estavam em andamento as aparições de Maria Santíssima a Rosa Quattrini, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, decretou que a permissão eclesiástica já não era exigida para publicações sobre revelações, visões ou milagres, nem para frequentar lugares de aparições não reconhecidas. O decreto, aprovado pelo papa Paulo VI, também declarou: “Portanto, não existe mais nenhuma proibição a respeito da narrativa de videntes, sejam eles reconhecidos ou não, pela autoridade eclesiástica... É permitido aos católicos freqüentar lugares de aparições, mesmo as não reconhecidas pelos ordinários das dioceses ou pelo Santo Padre.”
Na mensagem de 7 de maio de 1970, a Mãe Santíssima prometeu: “Estou sempre aqui com vocês, noite e dia. Enquanto meu instrumento viver, estarei sempre aqui.” E assim foi, toda sexta-feira, até Mamma Rosa Quattrini, o instrumento de Nossa Senhora em San Damiano, morrer, em 8 de setembro de 1981, aniversário tradicional da Santíssima Virgem Maria.
Ver também:
https://www.mulhervestidadesol.com.br/Pagina/2003/Mamma-Rosa-Quatrinni-a-vidente-de-Nossa-Senhora-sob-a-advocacao-Mae-da-Consolacao-e-Mae-dos-Aflitos-San-Damiano-150-Italia-1964-