No inverno de 1568 começaram a manifestar-se em Lisboa os primeiros sintomas da peste denominada “a grande”, porque nenhuma como esta atingira tão grandes proporções.
No verão de 1569 o contágio chegara ao máximo, sendo necessário recorrer aos condenados das galés para sepultar as seiscentas vítimas da peste por dia!
Muitos habitantes fugiram, e Lisboa parecia uma cidade devastada.
Dom Sebastião, o monarca reinante, chegou a pedir médicos à Espanha.
Empregaram-se todos os esforços para impedir que a epidemia continuasse, mas tudo em vão.
Ao ver que os auxílios humanos falhavam por completo, o povo organizou procissões de penitência em honra de Nossa Senhora e comprometeu-se, por voto, a prestar-lhe culto por meio de qualquer ato público se por sua intercessão obtivesse o fim do flagelo.
A primeira procissão saiu em 16 de agosto de 1569, e na primavera de 1570 o morticínio tinha diminuído sensivelmente.
Escolheu-se, então, o dia 20 de abril para agradecer à Mãe de Deus tão grande benefício. No dia 19, à noite, a cidade estava em festa. Os campanários das igrejas e as janelas das casas estavam iluminados. Nas ruas, as fogueiras crepitavam alegremente. No dia seguinte organizou-se a procissão. Via-se nela um riquíssimo andor com as principais relíquias da cidade e, adiante deste, outro com a imagem de Nossa Senhora, que tinha sido encomendada para esta ocasião e à qual deram o título de Nossa Senhora da Saúde.