Dadas as suas excepcionais propriedade de absorver toxinas e atuar como curativo, o carvão deveria estar sempre à mão em todos os lares. Sua utilização é quase universal quanto a da água, tanto do ponto de vista comercial quanto médico. É usado interna e externamente no combate aos mais diversos males – de envenenamento provocado por picadas de abelha e de outros animais a problemas metabólicos, tais como icterícia de recém-nascido e reação alérgica a veneno de hera.
O carvão é um excelente antídoto antidrogas, ou seja, antienvenenamentos. Em 1831, o Dr. Touery sobreviveu após engolir 15 g de estriquinina (dez vezes a dose letal) e igual quantidade de carvão diante de membros da Academia Francesa de Medicina. Em 1913, o Dr. Bertand, outro médico francês, para demonstrar a eficácia do carvão em absorver toxinas, sobreviveu após engolir 5 g de trióxido de arsênico misturado com carvão.
Quando administrado oralmente, o carvão previne com eficácia muitas infecções intestinais. Todos os estudos mostram que seu uso como medicamento não provoca danos à saúde – seja ingerido, seja inalado, seja em contato com a pele, como o metilcolantrene e o benzopireno.
Suas aplicações têm servido aos mais diversos fins: combate a odores no ar e na água, remoção de dióxido de carbono do ar em submarinos, filtragem de venenos em máscaras de gás, preparação de remédios e coloração de doces. Quando moído e guardado num jarro tampado em locais como geladeira, forno, gaveta ou prateleira, é capaz de absorver uma grande variedade de odores, inclusive de ranço. Também é utilizado no tratamento de úlceras da pele, na eliminação de gases intestinais e até como filtro de cigarro. Seu uso interno é indicado para a eliminação de toxinas do sangue nos casos de doenças renais e hepáticas. Externamente, pode ser empregado em banhos e na forma de cataplasmas; estas últimas devem ser aplicadas cuidadosamente quando se tratar de pele recém-ferida, pois pode ocorrer um “efeito tatuagem”, caso as lesões se estendam para a derme.
Aquisição de dosagem
O carvão é adquirido com facilidade em lojas de produtos naturais e em farmácias comuns. É comercializado em pós e na forma de tabletes e cápsulas. Em geral, o melhor é consumi-los em cápsulas, pois estas são produzidas com carvão ativado, que é mais potente na absorção de toxinas. Também é possível prepará-lo em casa – nesse caso, a madeira utilizada deve ser virgem e livre de agrotóxicos.
A dose diária oral recomendada é a seguinte: carvão em pó (uma colher de sopa misturada com um copo d’água); em cápsulas (quatro unidades); em tabletes (oito unidades regulares). Ingerir o carvão na forma escolhida duas vezes ao dia: no meio da manhã e no meio da tarde. Não deve ser ingerido junto às refeições.
Não se deve ingerir carvão com regularidade por anos seguidos. Contudo, não há evidências de problemas ou efeitos colaterais causados por seu consumo num período inferior a 12 meses. O ideal é que você o use por alguns dias ou semanas e pare ou que o utilize eventualmente quando necessitar.
DOSAGEM EM CASOS DE ENVENENAMENTO POR INGESTÃO
Estima-se que 10 g (aproximadamente uma colher de sopa) de carvão pode absorver somente cerca de 3 g a 7 g de materiais tóxicos. Assim, em caso de envenenamento, é necessário que a dose de carvão a ser administrada seja oito a dez vezes superior à quantidade estimada em peso do veneno ingerido.
As vítimas de envenenamento e intoxicação normalmente são induzidas ao vômito para eliminação da substância tóxica. Tanto o xarope de ipecacuanha como a apomorfina promovem a expulsão de cerca de trinta por cento do veneno presente no estômago; portanto, são ineficazes nesse tipo de tratamento, uma vez que os outros setenta por cento permanecem naquele órgão.
A lavagem estomacal é outro método empregado para tratar casos de envenenamento – o uso do carvão é bem mais fácil, econômico e eficiente.
PROCEDIMENTO EM CASOS DE ENVENENAMENTO POR ANIMAIS
Alguma vez você já levou picadas de marimbondo, formiga vermelha ou formigões? Já foi queimado por uma taturana ou picado por uma aranha-marrom (Loxosceles) ou por um escorpião? Só de pensar nisso, já dá para sentir espanto e dor. Em todos os casos de acidentes dessa natureza, é necessário ter muito controle e agir rápido.
1.Dissolva uma colher de sopa (cheia) de carvão em pó em água pura até formar uma pasta. (Você deve aumentar a quantidade de carvão de acordo com o tamanho da área a ser tratada e do estado de gravidade que se apresentar.)
2.Faça cataplasma espalhando porções da pasta sobre os pedaços de tecidos dobrados no tamanho adequado à região a ser tratada. Coloque um cataplasma sobre a área afetada e troque-a a cada vinte minutos, por três a quatro vezes.
Picada de aranha-marrom – Nesse caso, a pessoa deve também tomar imediatamente o carvão – uma a duas colheres de sopa (rasa) para um copo d’água, duas a três vezes ao dia. A princípio, o ferimento provocado por esse tipo de aranha quase não provoca dor. Contudo, em 24 horas, se forma uma zona vermelha púrpura em volta do local picado e ocorre aumento da área da picada. Também pode haver outra ulceração muito profunda e grave, capaz de estender-se até o osso durante semanas ou meses. (OBS: Eu já vi casos lesionados por ela, é algo realmente horrível e toma proporções absurdas. Lena).
Certo dia, um garoto chegou correndo à minha casa e disse que sua mãe havia sido picada por uma aranha-marrom algumas horas antes. Mesmo assim, apesar do tempo decorrido desde o acidente, ensinei-lhe o precioso antídoto. No dia seguinte, eu soube que aquela senhora ficou completamente curada.
Picada de cobra – Se não existir antídoto para o veneno ou se o acidente ocorrer em local isolado onde não seja possível dispor desse recurso, aplique imediatamente um cataplasma bem grande de carvão para cobrir quase inteiramente a extremidade do corpo, centralizando o tecido sobre o local da picada. Nesse caso, prepara as cataplasmas utilizando bastante carvão. Troque-as a cada 10 minutos por cinco vezes, no mínimo. Se houver possibilidade, leve, então, a pessoa para avaliação médica.
Fonte: Do livro "Porque pensamento positivo é coisa para pessimista?", de Luiz Carlos Amorim.
Um outro texto:
O carvão ativado contém os minerais existentes nos fósseis vegetais. Composição: bário, estrôncio, zircônio,vanádio, cobre, lantânio, cromo, ítrio, chumbo, níquel, cobalto, gálio, escândio, estanho, molibdênio, titânio, cádmio, prata, germânio e mais 15 elementos, em sub-traços. O carvão vegetal é uma substância porosa, capaz de captar e de fixar as substâncias estranhas ou tóxicas que estão no ar, na água, nos alimentos, no nosso corpo ou sobre a pele. O carvão adsorve(1), com eficácia, os medicamentos, entorpecentes, aditivos alimentares, agrotóxicos e adubos químicos, os metais pesados, os gases e os detergentes. Todas essas substâncias estranhas que invadem o nosso organismo, sobrecarregando e danificando os rins e o fígado, podem ser adsorvidas pelo carvão e excretadas.
Adsorve também as bactérias (como salmonelas e estafilococos), vírus (como o da febre aftosa), as toxinas produzidas pelos bacilos da difteria, do tétano, do botulismo e da gangrena, os tóxicos e ácidos provenientes da decomposição dos alimentos.
O carvão vegetal ativado adsorve as substâncias tóxicas, impedindo ou limitando sua absorção (assimilação) no aparelho digestivo. Impede fisicamente a intoxicação, captando as substâncias tóxicas que estão no intestino. Além disso, ele tem a capacidade de ajudar na desintoxicação, pois graças ao efeito da diálise, o carvão também permite eliminar tóxicos que já se encontram no sangue, em contato com a parede intestinal. Não tem efeitos colaterais.
O carvão é usado em casos de:
1. Intoxicação por medicamentos – O carvão ativado adsorve muito bem os antidepressivos, os beta-bloqueadores, os bronco-dilatadores, os barbitúricos utilizados em dose excessiva (como na tentativa de suicídio) e muitos outros medicamentos.
2. Intoxicação por alimentos – Essas intoxicações são provocadas pela toxina secretada por um micróbio presente no alimento infectado (carnes, peixes, crustáceos, conservas, doces, etc). Adsorvendo as bactérias e as toxinas (ex: Escherichia coli, Clostridium perfringens, Vibrio cholerae) o carvão impede que passem para o sangue. O carvão adsorve avidamente até as aflatoxinas, venenos produzidos pelos fungos do bolor, que podem prejudicar o sistema nervoso e causar câncer do fígado (100 gr de carvão ativado adsorvem 1 mg de aflatoxina B1). As aflatoxinas que aparecem, principalmente no pão e no amendoim embolorado, também podem estar presentes no presunto defumado, no coco ralado, em nozes e em amêndoas.
3. Problemas digestivos – Como diarréia, gases e mau hálito. O carvão adsorve os próprios gases ou as bactérias intestinais que produzem os gases.
Em casos de diarréia, o melhor tratamento é a reidratação acompanhada de carboterapia, pois o carvão é eficaz no combate às diarréias provocadas por medicamentos e também à diarréia tão desagradável do turista (tomar 2 colheres de carvão em um copo d’água a cada 4 ou 8 horas).
OBS.: O carvão é usado muito eficazmente, três vezes ao dia, para diminuir o odor das fezes em pacientes com colostomia ou ileostomia.
4. Picada de cobra, aranha, escorpião, abelha, vespa, contato com água-viva. Como o carvão ativado adsorve o veneno, aplica-se sob forma de pasta, diretamente sobre a picada ou aplica-se uma compressa (envolvendo a pasta de carvão em uma gaze) coberta de plástico. Como medida de primeiro socorro, em caso de picada de cobra, lava-se o local da picada com sabão e mergulha-se durante uma hora em água com carvão (1/2 xícara de carvão para 6 a 15 litros d’água). Depois, aplica-se uma compressa no local da picada, trocando-se a cada 15 minutos. Também ministra-se, a cada 2 horas, por via oral, durante 3 dias.
OBS.: Essas aplicações não devem substituir a busca de ajuda para a aplicação do soro contra o veneno de cobra, aranha ou escorpião.
5. Problemas dos olhos, nariz, garganta e ouvidos – O carvão pode ser usado como germicida no tratamento de infecções superficiais. Um cataplasma de carvão representa, às vezes, o único tratamento de uma furunculose no canal auditivo. Também podemos branquear os dentes escovando-os com o carvão numa escova úmida.
6. Insuficiência renal aguda e crônica – Para combater as complicações infecciosas.
7. Icterícia grave do recém-nascido – Para a adsorção de bilirrubina. No caso de icterícia nuclear, foi possível reduzir a necessidade de transfusão,dando ao bebê 1/2 colher de chá de carvão ativado em uma mamadeira, a cada 3 horas.
8. Feridas infectadas com pus – Como ficou comprovado que os curativos com carvão ativado adsorvem bactérias, diminuem as secreções e reduzem o mau cheiro da ferida, a Grã-Bretanha emprega esses curativos nos campos de batalha. O carvão é também usado em hospitais para curativos de úlceras varicosas infectadas e feridas pós-operatórias infectadas. Constataram que o carvão adsorve Bacillus subtilis, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris, Staphylococcus aureus e epidermis. Graças ao carvão uma moça que sofria de diabetes juvenil pôde evitar que um de seus pés fosse amputado.
9. Problemas de dependência – O carvão adsorve eficazmente muitas substâncias contidas nas bebidas alcoólicas (o álcool etílico e outras substâncias do gênero), responsáveis pelos sintomas da intoxicação alcoólica aguda. Também ficou comprovado que o carvão é um adsorvente eficaz de diversos alcalóides e principalmente da nicotina e da morfina.
10. Envelhecimento – Como o organismo, ao envelhecer, torna-se mais sensível aos agentes tóxicos, diversos geriatras comprovaram o efeito benéfico de uma dose diária e regular de 20 a 80 gr (3 a 12 colheres de sopa) de carvão em pó, para pessoas de idade. A carboterapia bem conduzida pode regenerar o organismo e aumentar a longevidade.
COMO USAR:
A quantidade mínima de carvão utilizado deve ser igual a 8 vezes a quantidade de tóxico ingerida. Quando a quantidade é desconhecida, administra-se, em caso de intoxicação aguda, 100 a 120 gr (7 a12 colheres de sopa em água, o suficiente para formar uma sopa espessa). Se houver dificuldade em beber a sopa, pode-se chupar o carvão diluído por meio de um canudo grosso.
Doses repetidas de carvão ativado permitem aumentar a eliminação dos tóxicos e prevenir a sua reabsorção durante o trânsito pelo aparelho digestivo.
A coloração preta das fezes é um efeito normal que mostra o trânsito intestinal do carvão.
Aconselha-se tomar o carvão em horário afastado das refeições, para evitar a possível adsorção de vitaminas e de oligoelementos. Sugere-se o consumo de até 04 cápsulas ao dia ou a critério médico.
(1)dsorver: significa fixar as moléculas de uma substância na superfície de outra. Esse processo difere da absorção, que consiste em assimilar, consumir as moléculas.
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