Dois comerciantes abastados dirigiam-se a Bérgamo (Itália) a negócio quando foram surpreendidos pela escuridão de forte tempestade e pela noite que se aproximava. Por cúmulo de infortúnio, perderam a estrada, ao atravessar um bosque muito espesso e infestado de salteadores e de animais ferozes.
Conhecendo o grande perigo em que se achavam, não se entregaram ao desespero: prostraram-se de joelhos e, com todo o fervor, imploraram o auxílio de Maria Santíssima, fazendo a promessa de construir em Bérgamo uma igreja em sua honra se conseguissem sair daquele grande perigo.
Eis que um suave clarão ilumina as trevas em seu derredor, o que os convenceu de que suas súplicas tinham sido atendidas. De fato, distinguiram logo uma faixa branca como a neblina matinal, que se estendia pela densa floresta adentro, parecendo lhes dizer: “Eis a direção. Ponde-vos a caminho e segui-me.”
Não tardando a aceder ao celeste convite, bem depressa acharam-se na estrada, onde terminava a faixa. Logo depois chegaram à vila de Albano. Os dois viajantes, chegando tarde da noite a Bérgamo e encontrando todas as casas fechadas, viram-se obrigados a refugiar-se numa velha torre, arruinada pelo tempo e pelas guerras.
Mal tinham entrado, foram surpreendidos por vivíssima luz, no meio da qual lhes apareceu visão: a Imaculada Mãe de Deus achava-se ali sentada sobre florida roseira e a fronte cingida com as mesmas flores. Em seus braços estava o Divino Infante, tendo na mãozinha direita um ramalhete de purpúreas rosas, oferecendo-as carinhosamente a sua querida Mãe. Ambos olhavam com grande doçura para os viajantes que, por sua vez, ofereceram, comovidos, seus fervorosos afetos de amor, agradecimento e louvor.
Ao romper do dia, os dois comerciantes, ainda atônitos pela celeste visão, foram entender-se com o bispo de Bérgamo, narrando-lhe os dois maravilhosos acontecimentos. Logo, apresentaram-lhe a importância necessária para a construção da igreja e, não os satisfazendo só esta homenagem à Virgem Santíssima, construíram também uma capela no lugar onde a faixa luminosa lhes aparecera.
No ano seguinte (1418), foi o próprio Papa Martinho V quem autorizou a construção do templo mariano no Monte Bérgamo, hoje Monte Róseo, inaugurada em Maio daquele ano. O novo santuário foi dedicado pelo papa à Santa Maria das Rosas, ou Nossa Senhora das Rosas, como nós dizemos.
Nossa Senhora das Rosas é celebrada no dia 4 de Janeiro, conforme decreto pontifício firmado em 1877 pelo Papa Pio IX.