Pouca gente sabe, mas o filme que rendeu quase meio bilhão de dólares foi inspirado na história real de um garoto de 13 anos que viveu na cidade de Cottage, estado de Maryland (EUA) no ano de 1949. Os jornais locais da época noticiaram o terror de uma possessão demoníaca na cidade.
Robbie Manheim (nome que a Igreja Católica atribuiu ao garoto) era de uma família devota que frequentava a Igreja Cristã Luterana. Era filho único e seus pais o privavam de diversão com outras crianças devido à 2ª Guerra Mundial, época em que não era permitido sair de casa. Seu único companheiro era o Tio Harret, tutor de Robbie. Harret era espírita e apresentou para o sobrinho uma tábua Ouija para que ele tentasse se comunicar com os mortos, desde que não abandonasse a igreja Luterana. Em 1948, tio Harriet faleceu. O sobrinho Robbie ficou inconformado e tentou comunicar-se com ele diversas vezes utilizando o presente que havia ganhado.
Dias depois, os pais do Robbie ouviram barulhos estranhos durante a noite […] os barulhos vinham do sótão e eram parecidos com passos e ruídos nos assoalhos. Tudo começou a evoluir de tal forma que Robbie já apresentava um comportamento estranho e começou a arrastar os móveis da casa com a força do pensamento. Seus pais o amarraram na cama e, mesmo assim, ele conseguiu destruir uma garrafa (de vidro) de água benta que estava em sua cabeceira [usando apenas a força do pensamento].
A família ficou em pânico e chamou o pastor luterano Luther Miles Schulze clamando por socorro. O pastor pediu reforços e contatou médicos psiquiatras e psicólogos para avaliar o garoto. Ninguém conseguia entender o estranho fenômeno que acontecia com Robbie.
Em fevereiro de 1949, o pastor luterano levou o garoto para dormir na igreja e o colocou amarrado ao lado de sua cama. O reverendo notou que, enquanto dormia, os móveis e vários objetos do quarto mudavam de lugar. Rachaduras começaram a surgir em todo o prédio. De modo estranho, o garoto conseguiu atirar uma cadeira de aço contra a parede e logo após se livrou das amarras.
Schulze (o pastor) concluiu que Robbie estava possuído e chamou o padre católico Edward Hughes. Ambos levaram o jovem para o hospital da Universidade de Georgetown, afim de realizar um exorcismo. Na primeira sessão, Robbie feriu gravemente o padre e o ritual foi descontinuado. O padre e o pastor levaram o jovem para a casa dos pais para descansar.
Ao chegar, eles notaram que no corpo de Robbie havia palavras arranhadas em sua pele com dizeres profanos como ‘inferno’ e ‘Satan’.
Imediatamente a família pegou um trem para a cidade de St. Louis, onde se encontraram com um segundo padre, Raymond Bishop, além do reverendo William Bowdern, da Igreja Católica. Juntos, eles assumiram o caso e notaram que Robbie tinha repulsa a elementos sagrados como água benta, crucifixos, Bíblia, etc… Iniciaram-se então novas sessões de exorcismo na ala psiquiátrica do hospital da Universidade de St. Louis. Um dos padres quebrou o nariz devido a força que Robbie tinha enquanto estava possuído.
Após 30 dias de sessões, Robbie acordou e disse que não se lembrava de nada. A família decidiu mudar de cidade e, de acordo com relatos, nunca mais o jovem foi atormentado.
Diários escritos nos hospitais da Universidade de Georgetown e da Universidade de St. Louis serviram como provas do caso.
Em 20 de Agosto de 1949, o jornal ‘The Washington Post’ foi o primeiro a relatar o caso. De acordo com o jornal, os nomes dos padres envolvidos foram citados e a matéria dizia que, durante as sessões, Robbie gritava como ‘um carneiro sendo abatido’ e só se comunicava em latim.
Página do jornal The Washington Post de 20 de agosto de 1949.
O artigo inspirou o escritor William P. Blatty a escrever o romance ‘O Exorcista’, que ficou conhecido no mundo inteiro.
‘Não deis lugar ao diabo.’ (Efésios 4, 27)
Fonte: http://www.diariodobrasil.org/o-caso-real-que-inspirou-o-filme-o-exorcista-jornal-the-washington-post-publicou-um-artigo-em-agosto-de-1949/