Vimos anteriormente o quanto o leite pode fazer mal ao homem.
O ser humano é incapaz de absorver o cálcio do leite da vaca e também ficou provado que o leite pode aumentar as perdas de cálcio nos ossos. O leite aumenta a acidez do pH do corpo humano que por seu lado desencadeia uma correção biológica natural. O pH do leite animal varia entre 6,6 e 6,8, sendo assim seria necessário 20 partes alcalinas de alimentos para neutralizar apenas uma parte ácida no sangue. Para combater o ácido alto do leite, o nosso organismo retira o cálcio dos ossos, para implicar numa proteção de combate à alta acidez, e fazer com que todo esse cálcio do leite seja expulso pela urina. Para o nosso organismo isso é um tamanho prejuízo, pois perdeu todo o cálcio dos ossos e não absorveu o cálcio do leite animal. Mas, isso não acontece para quem segue uma alimentação vegetariana estrita onde conseguirá a obtenção de cálcio através da couve, brócolis, ervilha, feijão, leite de soja, leite de amêndoas, leite de aveia, tofu, grão de bico, lentilha, espinafre, rúcula, ora-pro-nóbis (que também contém proteína e carboidrato) e bananas são alguns dos alimentos vegetais que a natureza nos fornece com quantidades eficientes de cálcio e outros nutrientes que nós precisamos diariamente e que não irão prejudicar sua saúde levando à hipertensão, obesidade, diabete, osteoporose, diarreia, prisão de ventre tal como o consumo de laticínios e carnes desenvolve para a saúde humana.
E também vimos a crueldade e exploração animal imposta pela indústria de laticínios.
A fim de aumentar a produção, as empresas começam a inseminar vacas a partir dos 12 meses e continuam o processo ininterruptamente. Hormônios são aplicados para aumentar a quantidade produzida. O hormônio rBST (Recombinant bovine somatotropin) aumenta de 10 a 15% o IGF-1 no leite (Fator de Crescimento Insulínico). Esse hormônio causa dor desnecessária, sofrimento e angústia, aumento de extremidades (patas), mastite (inflamação da mama), distúrbios reprodutivos e outras doenças e ainda está permitido pela Anvisa aqui no Brasil.
A enfermidade infectocontagiosa de origem viral denominada Leucose Enzoótica Bovina (Bovine Leukosis Infection – BLV), vem contaminando grande parte dos rebanhos da indústria leiteira, essa enfermidade se caracteriza por uma neoplasia (câncer) do tecido linfoide. A prevalência desta infecção varia em alguns países, sendo 47,8% nos Estados Unidos, 28,6% na Bélgica, 19,7% no Canadá, e no Brasil com a maior prevalência nos estados de São Paulo 36,6%, Rio de Janeiro 54,3%, Minas Gerais 28,4% e Rondônia com 23%.
Vacas utilizadas na indústria do leite vivem, no máximo, 6 anos (quando esgotadas fisicamente apresentando uma baixa produção são abatidas em menos tempo!) sendo exploradas diariamente. Normalmente uma vaca viveria 20 anos.
Mas o meio ambiente vem sendo muito prejudicado por estas escolhas humanas. A alimentação baseada em laticínios e carnes está diretamente ligada à questão da degradação e prejuízo ambiental que estamos causando no planeta.
Quem consome carnes (sempre no plural incluindo: peixes, carne de cavalo, suínos, galinhas, bovinos e etc) e laticínios contribui para os impactos ambientais que a agropecuária causa. Esse consumo financia a derrubada de matas nativas (onde também estão variedades de plantas medicinais) para dar espaço ao gado e assim vem prejudicando a biodiversidade, levando outros animais à extinção.
Dados mais recentes do INPE mostram que a pecuária é a atividade mais fortemente correlacionada com o desmatamento para os municípios da Amazônia. Na Universidade de Viçosa de Minais Gerais, uma pesquisa mostrou que salas de ordenha em indústrias de laticínios geram resíduos sólidos, líquidos e emissões atmosféricas passíveis de impactar o meio ambiente, contaminando lençóis freáticos e o solo.
Ainda no relatório consta que o soro é descartado junto a outros efluentes contaminando mananciais e lagos, sendo cem vezes mais poluente que o esgoto doméstico. Devido ao processo de clarificação do leite, a contaminação contém resíduos de detergentes e desinfetantes, hidróxido de sódio, ácido nítrico e hipoclorito de sódio. Estudos revelam que, o leite e derivados contém esses resíduos de clarificação os quais contribuem para células cancerígenas, sintomas alergênicos e doenças crônicas que podem vir a surgir em longo prazo. Sem contar na destinação de água para: irrigação de culturas destinadas a servirem de alimentação para o gado, limpeza das salas de coleta do leite, consumo de cada animal...
Dados importantes (dados relativos a 2012 ou anterior):
Além disso, a indústria de laticínios tem uma grande abrangência no processo de derivados (manteiga, iogurte, danones…) onde o leite passa por clarificação e contém resíduos de detergentes e desinfetantes, hidróxido de sódio, ácido nítrico e hipoclorito de sódio. Esse método de limpeza, ainda segundo dados da Universidade de Viçosa de Minas Gerais, consiste em um número de lavagens sucessivas visando à remoção dos sólidos do leite, gorduras e óleos nas paredes dos equipamentos e das tubulações, como consequência gera poluição contaminando mananciais, lagos e possíveis intoxicações aos trabalhadores locais.
A escassez da água também está relacionada à indústria leiteira, pois para produzir um litro de leite são necessários 868 litros de água desde o primeiro até o processo final. Segundo dados de pesquisa, estima-se em média 541 litros de consumo de água para realizar a limpeza diária da sala de ordenha, a manutenção de utensílios e equipamentos no setor bovino do leite. Pesquisas também revelam o desperdício numa indústria de laticínios localizada na Zona da Mata mineira, onde são utilizados cerca de 4.000 litros de água por dia na limpeza da sala de ordenha. Essa análise, feita pelo ABEPRO, constatou que não há nenhum método de controle para prevenir o desperdício de água. Além disso, o manejo de forma agressiva provoca um maior consumo de água para a limpeza do local, pois animais estressados defecam em maior frequência na sala de ordenha causando problemas de contaminação no leite.
Além do desperdício de água, a pecuária é o principal setor responsável pelo desmatamento na Amazônia brasileira. A pecuária bovina é a atividade mais fortemente correlacionada com desmatamento para os municípios da Amazônia. Na análise, que inclui apenas a pecuária bovina, encontrou-se um coeficiente de correlação de 0,7345 entre o número de cabeças de gado e o desmatamento. Observando-se as correlações, percebe-se baixa correlação entre a variável soja e o desmatamento. Isso sugere que a fraca correlação direta da soja com os processos de desmatamento implica o pouco impacto desse tipo de cultivo sobre a ocupação de novas áreas na Amazônia. Observando-se, porém, as correlações entre soja e arroz (0,6462) e soja e milho (0,7397) e entre arroz e desmatamento (0,3562) e entre milho e desmatamento (0.2235), vê-se que soja e desmatamento podem estar ligados de forma indireta. Arroz e milho são culturas associadas ao processo de implantação da cultura de soja em áreas novas. Observações de campo feitas pelos autores demonstram que é comum plantar-se arroz em áreas novas por aproximadamente 3 anos antes de se iniciar a produção de soja.
Entenda agora como todo este sistema de produção de carne e laticínios funciona, e afeta o meio ambiente.
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Fontes: http://www.anda.jor.br
http://www.onca.net.br/textos-e-publicacoes/textos/textos-onca/producao-animal-e-impacto-ambiental/
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