1. A alma: Senhor, bendito seja para sempre o vosso nome, pois quisestes que me sobreviesse esta tentação e esse trabalho. Não lhes posso fugir, mas tenho necessidade de recorrer a Vós, para que me ajudeis e tudo convertais em meu proveito. Eis-me, Senhor, na tribulação, com o coração aflito; e quanto me atormenta o presente sofrimento! Pois que direi eu agora, Pai amantíssimo? Mergulhado estou em angústias: "livrai-me desta hora.” (João 7, 27). Mas chegou esta hora para que sejais glorificado, livrando-me depois de me haverdes humilhado profundamente. "Dignai-vos, Senhor, socorrer-me" (Sl 39,14); porque, pobre criatura, que posso eu fazer e para onde irei sem Vós? Dai-me paciência, Senhor, ainda por esta vez. Ajudai-me,  Deus meu, e não temerei, por mais pesada que seja a tribulação.

2. Que posso eu dizer-vos neste estado? Senhor, “faça-se a vossa vontade”. Bem mereci as angústias e tribulações em que me vejo. É preciso que eu as sofra; e oxalá seja com paciência, até que passe a tempestade e volte a bonança. Poderosa, entretanto, é vossa mão onipotente para afastar de mim esta tentação e moderar sua violência, para que não sucumba de todo, como tantas vezes já fizestes comigo, “Deus meu, misericórdia minha” (Sl 68, 18). E quanto mais difícil para mim, tanto mais fácil é para vós “esta mudança da destra do Altíssimo” (Sl 76,11).