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Nossa Senhora do Apocalipse (Patmos – Grécia)

 

O Livro do Apocalipse, no seu capítulo 12, narra como que uma síntese do ato final da longa história do povo de Deus. Mediante a visão dada ao apóstolo João, Deus nos apresenta a figura da Mulher Vestida de Sol, que possui uma interpretação ambivalente, entretanto que não se opõem uma à outra.

Ali está representada a Igreja, que sofre, é perseguida, que ganha asas e voa para o deserto, para fugir do dragão. E, ali também está a descrição da Mulher Vestida de Sol que nos remete à mulher que gerou a descendência (“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela; esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15). ) e que irá esmagar a cabeça da serpente infernal, ou seja, a Virgem Maria, revestida com a luz do SOL que é Deus.    

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A imagem de Nossa Senhora do Apocalipse figura em sua descrição e apresentação entre as mais antigas da Igreja e percorre os séculos. Desde a descrição feita por São João na Ilha de Patmos, registrada no Livro do Apocalipse no capítulo 12, ao longo dos séculos, diversas meditações e ilustrações mantiveram viva a imagem da Mulher atacada pelo dragão que foge e pisa a cabeça da serpente. Posteriormente, entre os séculos X a XII, já aparece em alguns escritos, onde é descrita com as doze estrelas na cabeça, o sol e a lua aos pés, e, numa outra cena épica, é descrita a Virgem recebendo um par de asas para fugir do espreito do dragão.

Algumas gravuras do século XV apresentam a Senhora do Apocalipse vestida de sol a enfrentar o dragão de sete cabeças e outras composições do início do século XVI apresentam a Virgem com Asas a elevar-se imponentemente sobre a besta-fera. Diversos outros afrescos apresentam a Virgem com asas hora flutuando em meio as nuvens, hora pisando a cabeça da serpente, hora cerceada de anjos.

Conceitos marianos da Idade Média deram origem às mais simples e palpáveis expressões, da mulher mais pura, toda bondosa (cf. Ct 4,7), ornada com os atributos da mulher apocalíptica (Ap 12, 14) mas que concretiza a profecia inicial de pisar a cabeça da serpente (Gn 3, 15).

Cunhou-se nesta perspectiva, pelas mãos do artista Francisco Pacheco, em Sevilha, no início do século XVII o protótipo da imagem da Virgem ornada com os símbolos apocalíticos como a lua, os raios solares, as estrelas, o triunfo da batalha (Cf. Ct 15, Ecl 16, Gn 17). Seu protótipo exerceu grande influência na iconografia da época, contudo, com o passar daquele século esta representação passou por diversas reinterpretações, percorrendo um caminho que os mais interessados pelo surgimento da Virgem do Apocalipse poderiam dedicar-se com maior afinco, que fogem aos interesses neste momento, desde a obra Pacheco, passando por Miguel de Santiago até chegar a Bernardo de Legarda,

Neste processo destacamos duas imagens que apontam para o que virá a ser a Imagem de Nossa Senhora do Apocalipse, a primeira, uma pintura feita para o convento de Santo Agostinho em Quito, que apresenta a Virgem em dimensões naturais, em pé sobre a lua, com a coroa reluzente de doze estrelas ornando seus cabelos soltos, vestes longas brancas e azuis,  como que descendo com o pé direito a pisar a cabeça de uma serpente entre as nuvens, este gesto é acompanhado do levantar discreto dos braços para a direita, a fim de manter o equilíbrio, dando-lhe um ar sereno (segundo os especialistas esta representação recorda obras primas de Alonso Cano). Uma outra imagem foi realizada pelo próprio Miguel de Santiago, que retrata a Virgem Imaculada, tendo uma meia lua aos seus pés, ainda que com um rosto juvenil se curva para pisar a cabeça de uma serpente. Ao curvar-se para pisar a serpente, destaca-se nas costas da Virgem um par de asas, temos aí, pela primeira vez, com os detalhes todos presente, a apresentação e a representação da Virgem Imaculada do Apocalipse, acolhida com grande carinho sobretudo nos meios mais populares.

Um famoso escultor chamado Bernardo de Legarda, a partir de um pedaço de pequeno tronco de madeira, esculpiu policromada uma imagem de 30 centímetros da Virgem Imaculada, dotada de asas, que em 07 de dezembro 1734, foi entronizada no altar central do Convento de São Francisco em Quito. A data aqui destacamos por indicar que fora esculpida e entregue tendo em vista a grande festa do dia 08 de dezembro – a festa da Imaculada Conceição, logo tinha como primeiro intento representar a Imaculada Conceição.

​Esta é considerada, conforme pesquisas recentes, a mais antiga escultura que representa a Virgem Alada do Apocalipse – esta escultura é conhecida como Imaculada Conceição de Legarda e está preservada ainda hoje no Convento de São Francisco em Quito no Equador. Peculiaridades desta imagem, a roupa e a leveza dos movimentos rítmicos e ondulados, que criam a impressão de uma Virgem dançando enquanto pisa uma serpente chamam a atenção dos homens de ontem como de hoje. n/d

​Não é de se admirar que esta representação da Virgem Alada – dotada de Asas como um Anjo – causou um grande impacto entre os cristãos do lugar e sua veneração logo se espalhou, e muitas outras imagens foram reproduzidas e se espalharam, atravessando fronteiras, inclusive sendo enviadas para a Europa, fazendo um caminho inverso ao da arte até então.

Recordando: a escultura original foi concebida como uma invocação da Imaculada Conceição e é venerada ainda hoje no altar-mor da igreja de São Francisco em Quito e convém destacar que é "a junção de duas devoções: a devoção a Imaculada e a Assunção da Virgem ao Céu."

​Com o passar do tempo, a imagem de Nossa Senhora Alada começou a ser reconhecida como Nossa Senhora do Apocalipse.

​Observando atentamente, nota-se que a Virgem do Apocalipse esculpida por Legarda tem o movimento de quem suavemente desce da lua, para pisar com o pé esquerdo a cabeça da serpente que, presa por uma corrente de prata à mão direita da Virgem, procura inocuamente fugir. Outros detalhes se somam: a longa túnica branca é tomada por brocados de ouro; um xale de brocados floridos adorna os ombros da Virgem, uma capa azul marinho com estrelas douradas cravejadas que é sustentada pelo braço direito cai suavemente envolvendo a sua cintura, ao mesmo tempo que esvoaçante, indica agilidade de quem sai às pressas para o deserto, fugindo do dragão. A parte interna da capa é de cor vermelha viva, indicando aquela foi resgatada das garras do dragão. Um diadema envolve a cabeça e se abre, simulando os raios do sol indicando segundo São Bernardo, o esplendor da glória que o Divino Filho transmitira à Mãe, tendo em cada haste uma estrela.

​Em um reconhecido Sermão proferido em 08 de dezembro de 1737, o Cônego Ignácio de Chiriboga, na Catedral de Quito condena o ataque da serpente no livro do Gênesis e destaca a figura de Maria como a vencedora do réptil peçonhento – a "mulher bonita vestida de sol" que aparece no Apocalipse é a Virgem Maria que libertou o mundo do dilúvio do rio do pecado. Assim, em Quito, a festa da Imaculada Conceição de Maria, desde o princípio do século XVIII era comemorado no dia 08 de dezembro como a festa da Virgem do Apocalipse.

Podemos considerar a Imagem de Nossa Senhora do Apocalipse como a precursora da Imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição cujo dogma foi ratificado em 1854, por meio da Bula Ineffabilis Deus, do Papa Pio IX.


 

Terço de Nossa Senhora do Apocalipse

Sinal da Cruz, Creio, Pai Nosso, Ave Maria (3x) Glória.

1º. Mistério A promessa de Deus que a mulher pisará na cabeça da serpente.

Nas contas grandes: Ó Maria, vós fostes coroada por Deus como Rainha do céu e da terra, vós fostes a Mulher escolhida e desde sempre preservada da culpa original, com a finalidade de derrotar as investidas do dragão, a primitiva serpente que se levanta contra aqueles que querem viver os mandamentos e a vida de santidade, vos pedimos, ó Senhora do Apocalipse, com vosso manto protegei-nos, com vossos pés pisai na cabeça da serpente infernal e com vossa luz dissipai as trevas do nosso caminho. Amém!

Nas contas pequenas: Nossa Senhora do Apocalipse, que pisa na cabeça da serpente infernal, intercedei a Deus para que se dissipem as trevas do nosso caminho. Amém! (10 vezes).

Glória ao Pai...

2º. Mistério - A Virgem Maria pisando a cabeça da serpente quando disse “Sim” ao Arcanjo Gabriel.

Ó Maria, vós fostes coroada por Deus...

Nossa Senhora do Apocalipse, que pisa na cabeça da serpente infernal, intercedei a Deus para que se dissipem as trevas do nosso caminho. Amém! (10 vezes).

Glória ao Pai...

3º. Mistério - O Cântico profético de Maria dizendo que todas as gerações lhe proclamarão bem-aventurada.

Ó Maria, vós fostes coroada por Deus...

Nossa Senhora do Apocalipse, que pisa na cabeça da serpente infernal, intercedei a Deus para que se dissipem as trevas do nosso caminho. Amém! (10 vezes).

Glória ao Pai...

4º. Mistério - O silêncio de Maria guardando tudo em seu coração como sinal da vitória contra o inimigo.

Ó Maria, vós fostes coroada por Deus...

Nossa Senhora do Apocalipse, que pisa na cabeça da serpente infernal, intercedei a Deus para que se dissipem as trevas do nosso caminho. Amém! (10 vezes).

Glória ao Pai...

5º. Mistério - Maria, a mulher do Apocalipse, e São Miguel Arcanjo vencem a batalha contra o dragão infernal.

Ó Maria, vós fostes coroada por Deus...

Nossa Senhora do Apocalipse, que pisa na cabeça da serpente infernal, intercedei a Deus para que se dissipem as trevas do nosso caminho. Amém! (10 vezes).

Glória, Salve Rainha, Sinal da Cruz.

 

Fontes:
https://paroquiadasaude.com.br/terco-de-nossa-senhora-do-apocalipse/
http://www.familiasempe.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Terco_NSApocalipse.pdf
https://www.smarcanjo.com/devoções
https://pt.aleteia.org/2018/08/16/a-monumental-imagem-de-nossa-senhora-do-apocalipse/

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Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024










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