Os textos abaixo provêm de duas origens:
- A parte DIÁLOGO COMPLETO COM A LÚCIA – Texto oficial das Aparições de Fátima, em que se apresenta o Diálogo entre Nossa Senhora e a Irmã Lúcia.
- A parte COMENTÁRIOS DA VIRGEM MARIA – Extraído do livro “AMOR DE MÃE” de Maria Stella Salvador.
4.ª APARIÇÃO - 19 de agosto de 1917
DIÁLOGO COMPLETO COM A LÚCIA
LÚCIA: Que é que Vossemecê me quer?
NOSSA SENHORA: Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13; que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos acreditem.
LÚCIA: Que é que vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?
NOSSA SENHORA: Façam dois andores: um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas, vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer.
LÚCIA: Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes.
NOSSA SENHORA: Sim, alguns curarei durante o ano. Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
COMENTÁRIOS DA VIRGEM MARIA
«Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13; que continueis a rezar o terço todos os dias»
O terço, sempre o terço! Achais fastidioso que vos repita tão frequentemente este pedido? Meus filhos, é pedido de Mãe que vê os perigos que correis e que sabe a forma de vos livrardes deles, que vê as feridas que tendes e conhece o remédio para as curar, mas que também sabe que não usais esse remédio e, por isso, não se cansa de repetir o que deveis fazer. Não encareis com fastio, com aborrecimento, o Meu terço. Encarai-o como uma prova visível do Meu amor, do Meu cuidado por vós, da Minha preocupação, por causa das vossas imprudências. Como hei de, meus filhos, mostrar-vos melhor o Meu Amor de Mãe? Como vo-lo hei de provar, se vós recusais olhar para a prova que vos dou, se fechais o vosso terço numa gaveta? Como vos hei de proteger, se recusais a Minha proteção, porque não ma pedis reiteradamente, através do terço? É através do terço que o vosso pedido de socorro chega ao Céu. É verdade que toda a oração é oração, mas muitas das vossas orações perdem-se entre os fumos da vossa vaidade espiritual. Sim, meus filhos, é preciso que saibais que muitas das vossas orações são vaidosas. O terço é a oração humilde que vos põe no vosso lugar e vos mostra quão pouco sabeis rezar, vos mostra como sois distraídos, inconstantes. Por isso, muitos de vós não gostam do terço. Sim, o terço humilha-vos, humilha a vossa vaidade espiritual de pessoas que pensam que sabem rezar, que até pensam saber rezar bem de outras maneiras. E então dizeis que perdeis tempo com ele, que vos distraís. Meus filhos, aprendei que o Meu terço nunca é uma perda de tempo, mesmo que nele não consigais prender a atenção, mesmo que nele estejais distraídos do princípio ao fim, desde que essa distração não seja propositada. Sim, filhinhos, o terço, o Meu terço humilha a vossa vaidade. Vede então que o Meu terço é caminho de humildade, é caminho por onde vão os Meus filhos pequenos, aqueles que não sentem forças para galgar caminhos difíceis.
Deixai que o terço vos humilhe, que a humildade é terreno seguro para os vossos pés. Em qualquer outro caminho correis o risco de resvalar, mas não neste caminho firme, que foi também o caminho que Eu pisei. Reparai, meus filhos, o caminho do terço é o Meu caminho, o caminho que Eu segui na Terra. Vós o rezais, Eu o vivi. Como desejo que o vivais também, tanto quanto puderdes, porque neste caminho vos santificareis, certamente!
No Meu terço encontrais-Me e encontrais Jesus, porque o terço vos projeta para nós, para a nossa vida, para o nosso Amor, para a nossa Santidade. Vós não sois santos, mas deveis ambicionar sê-lo. Ser santos deve ser a vossa ambição, aquilo que vos seduz, e para cuja realização tendeis em cada momento. Que a santidade seja o objetivo dos vossos olhos cobiçosos, do vosso coração ambicioso. Então, estendereis as vossas mãos, com verdadeiro desejo, para o Meu terço, e podeis ter a certeza de que cada terço que rezais são passos andados no caminho de aproximação à nossa Santidade, onde chegareis ainda sem ela, pobres mas humildes, prontos a ser cobertos com a santidade infinita de Jesus, que a lançará sobre vós, feliz por cobrir a nudez dos Seus amados filhos.
Caminhai em humildade, porque a humildade é limpa. Quando quereis caminhar à vontade do que vos apetece ou não apetece, carregais-vos de amor próprio, de vaidade, de soberba, mesmo em terreno espiritual, e tudo isto são impurezas, sujidades, mais ou menos acentuadas, que impedirão o Senhor de lançar sobre vós o manto da Sua Santidade, enquanto não vos limpardes primeiro. Aviso-vos, meus filhos, essa limpeza, essa purificação, é sempre dolorosa, mas muito mais do lado de cá. Procurai agora a purificação, a vida humilde, em contato com o Meu terço. Pedi-Me que, em cada terço que rezais, vos purifique um pouco mais, vos faça caminhar na direção do Amor, como Eu caminhei na Minha vida. Contemplai a vida de Jesus e a Minha no terço e muito aprendereis. Aprendereis sempre coisas novas, pois as lições que tendes para aprender só terminarão quando terminar a vossa vida.
Espero, queridos filhos, que não cerreis os vossos corações à compreensão do terço, que vos quero dar; que deixeis que continue a ensinar-vos, a fim de caminhardes Comigo, no Meu caminho, para descansardes, finalmente, nos braços de Jesus a quem Eu vos quero, cada vez mais, ensinar a amar. Não vos despeço. Ficai Comigo hoje e sempre. Continuai Comigo em todos os instantes do vosso dia e ajudar-vos-ei a resolver muitas coisas, todas as coisas. Para tal, bastará olhardes para Mim quando não vos for possível dizer nada. E durante o dia procurai ter uns minutos para falar Comigo. Vereis que arranjareis também tempo e amor para rezardes o terço, todos os dias, como vos recomendo.
«No último mês farei o milagre para que todos acreditem»
Prometi o milagre para o último mês das aparições, e cumpri. O milagre foi-vos dado. Nas vossas vidas acontecem milagres diariamente, muitos dos quais sou Eu que peço a Jesus para vós, mas estais tão acostumados que não reparais. Muitas vezes nem reparais quando vos acontece aquilo que queríeis, que até Me tínheis pedido. Ficais satisfeitos, de uma satisfação cheia de si própria, como se tal tivesse acontecido por acaso, ou como se vos fosse devida alguma coisa. Não mais pensais em agradecer, e voltais logo as baterias dos vossos desejos para outro lado. E assim viveis para vós próprios, para os vossos desejos, insatisfeitos, cegos para o que já vos foi dado.
Meus filhos, gostaria que vivêsseis dentro da realidade e não uma vida de sonhos. Quero fazer nas vossas vidas, na vida de todos vós, o milagre que vos faça acreditar, acreditar no Amor do Senhor, acreditar na Vida Eterna para onde caminhais com tanta despreocupação, no meio das preocupações que a vossa vida diária encerra. Sim, meus filhos, é possível viver despreocupado no meio das preocupações. Vós sois disso os exemplos. Olhai para a vossa vida, para o vosso trabalho. Vede o que vos preocupa. Preocupam-vos problemas de saúde, da vossa saúde ou da saúde dos vossos familiares. Preocupam-vos incidentes, questões, dificuldades no vosso trabalho. Preocupa-vos não conseguir bons resultados no que fazeis, no que projetais fazer. Preocupa-vos, talvez, não ter um trabalho certo e seguro. Preocupam-vos ainda perseguições de pessoas próximas, falta de amor ou de concórdia entre vós. Preocupam-vos desejos que tendes de conseguir coisas, cargos, promoções, melhoria de vida, de alcançar estima, amor de alguém. Tudo isso se agita em vós e vos agita, como barco a tripulantes durante a tempestade. Mas, nestas circunstâncias, o que fazem os bons marinheiros? Não ficam a chorar, a lamentar-se, a olhar para aquilo que balança e se choca no seu barco. Tratam de agarrar bem os volumes úteis e deitar fora a carga inútil. Tratam de cuidar, para que não haja rombo no barco, e lançar fora água que entre. Procuram cuidar das máquinas e segurar bem o leme. Isto são preocupações sólidas guiadas pela realidade. Também nas vossas tempestades em vez de ficardes a lamentar, a olhar para as vossas questões pessoais, preocupai-vos em ver de que lado ruge o vento, de que lado vem a água. Preocupai-vos em vos agarrar ao leme. Preocupai-vos em segurar a boa carga, não vá pela borda fora, e lançai fora as cargas desnecessárias. Logo Eu farei o milagre de amainar a vossa tempestade. Sabei, meus filhos, que o vento e as ondas são, respetivamente, a origem dos problemas e os próprios problemas. Se os encarardes sem lhes verdes a origem, não os conseguireis resolver, e correis o risco de ir com o vosso navio de encontro à tempestade, e ser afundado por uma onda maior. A carga boa são os vossos bons pensamentos, bons desejos, até bom carácter, carga que vos fará muita falta, mas que podeis perder na tormenta. A carga má são as vossas vaidades, os vossos desejos de possuir, as inutilidades a que vos entregais, a ânsia de sobressair, os pecados que fazeis. Sim, deveis deitar tudo isso fora, se não for antes, pelo menos na altura da tormenta, porque correis o risco de afundar com tanto peso. Deitá-lo-eis fora, arrependendo-vos e mudando de vida. O vosso leme é a oração a que vos deveis agarrar firmemente, mais firmemente, quanto maior for a tempestade.
Meus filhos, encarai esta viagem como ela é, e não em sonhos de criança ou de ébrio. Vede que esta viagem é apenas viagem. É viagem com um fim. Não espereis ficar sempre viajando até totalmente afundar nas águas. Que pensamento triste esse, meus filhos! Triste e falso! A vossa viagem tem um fim e um dia chegareis ao porto. Não queirais chegar desprevenidos, sendo atirados para lá, no meio dos escombros do vosso barco, tendo na vossa conta uma viagem falhada de marinheiro embriagado. Não deixeis que o mundo vos embriague. Pedi-Me, meus filhos, e virei em vosso socorro. Pedirei a Jesus o milagre da fé para vós, mas é preciso que o queirais.
Também no fim da vossa vida, nessa hora difícil da vossa viagem, farei um milagre para crerdes, se realmente o quiserdes. Farei para vós um milagre mais importante que o milagre do Sol. Farei o milagre da vossa conversão final, da vossa opção final para o Senhor, pelo Senhor. Sim, meus filhos, as Minhas mãos estão carregadas de bênçãos para vós. Não faço milagres inúteis. O poder do Senhor não se move inutilmente. Mas, se vós quiserdes, removerei céus e terra para vos salvar. Crede em Mim. Crede na vossa Mãe que vos procura, cheia de Amor.
Amai-Me, meus filhos. Todos, todos precisais do Meu Amor. Dou-o a todos. Espero amor de todos vós, de cada um de vós.
«Façam dois andores: um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas, vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos»
Meus filhos, vede como Eu aproveito os vossos costumes para os tornar em instrumentos de construção e de conquista de almas para o Reino do Senhor. Mas, para isso, é preciso que vós aceiteis dar-Me a direção dos vossos costumes, dos vossos divertimentos sãos. Se não o fizerdes, aos poucos, eles tornar-se-ão, para vós, pouco atraentes, e inventareis novas formas para eles, certamente mais agressivas e menos sãs. O costume dos andores existia naquele povo e com eles arranjavam donativos diversos a que era preciso dar boa utilização. Ensinei aos Meus filhos a forma de aplicar o dinheiro que lhes dessem para que não se tornassem presas de coisas vãs ou de coisas pessoais. Quantas vezes vós próprios deixais de lado a verdadeira necessidade e procurais no que é vão e transitório o objeto dos vossos inúteis gastos.
Pensai na vossa vida. Olhai para o que fazeis. Fazei um exame de consciência sério e encontrareis muita coisa inútil, desde guloseimas a vaidades, vaidades com coisas de vestir, vaidades com coisas que tendes nas vossas casas, que servem para mostrar às outras pessoas que tendes coisas boas, coisas caras, coisas melhores que aqueles que vos visitam, para mostrar que tendes melhor gosto, que estais atualizados. Quanto deitais fora! Quanto estragais! Meus filhos, desde a comida que esbanjais e lançais ao lixo, às roupas que vos servem para uma estação apenas, tudo fazeis para mostrar luxo, gostos refinados, e fazeis disso os objetivos da vossa vida, o motivo por que vos cansais com tanto trabalho, com trabalho por vezes excessivo. Não vedes que o vosso cansaço põe um travo amargo naquilo que os vossos olhos cobiçam por vaidade, por ostentação? Não vedes que não chegais sequer a gozar isso, verdadeiramente, porque o vosso corpo cansado, a vossa alma que corre em busca de novas coisas, de coisas ainda melhores, já não têm verdadeira capacidade para as apreciar? Meus filhos, dizei-Me: Que pensais fazer disso tudo que agora tendes? Talvez, dentro de algum tempo, deitar fora, quando vos fartardes! Dizei-Me agora também: Achais que esses gastos vos dão alguma vantagem na caminhada que fazeis constantemente para o Céu? Não serão eles até obstáculos que vos impedem de caminhar, que vos carregam de preocupações, de desejos, de ambições? Entrai bem em vós, dentro dos vossos desejos e vede quantas coisas inúteis, supérfluas desejais, coisas que podereis dispensar e respirar de alívio, de satisfação, na paz que dá desejar poucas coisas. Meus filhos, é bom que desejeis ser úteis. É bom que desejeis ter aquilo de que precisais para a vossa vida de todos os dias. É bom que desejeis dar conforto à vossa família. Mas não encheis vós a vossa família de coisas, até afogar a vida familiar nelas? Vede quanto essas coisas vos ocupam e ocupam aqueles que vivem convosco, a ponto de quase não terem tempo de se encontrar como uma família.
Meus filhos, é tempo de pensar em pôr um limite às coisas materiais, de pôr um travão aos gastos inúteis, de parar na corrida em que andais. É tempo de pensar, de fazer planos, para que ganheis paz e tranquilidade. Pensai e fazei planos junto de Mim. Procurai ver o que deveis fazer de acordo com as ideias que vos patenteio. Procurai-Me. Eu vos ensinarei, vos direi o que deveis fazer, o que deveis comprar, o que deveis ter, em que vos deveis ocupar. Não ouvireis a Minha voz, mas porei no vosso íntimo a certeza daquilo que o Senhor quer de vós e para vós. Meus filhos, como a Lúcia, perguntai-Me o que é que Eu quero que façais com o vosso dinheiro. Vereis que vos mostrarei muitas formas de o aplicardes com utilidade. Não receeis, que não vos mergulharei em obrigações de pobreza e não vos mandarei passar necessidades, nem fazê-las passar à vossa família. Não esqueçais de que sou vossa Mãe e que também na Terra administrei a minha casa, onde procurei sempre ter o maior conforto que podia dar aos Meus, mas sem desejar nada para além do que podia ter.
Meus filhos, Eu era pobre. Muitos de vós não são pobres, mas, junto de Mim, aprendereis a administrar o que tendes sem vos perderdes em excessos. Procurai-Me. Como vossa Mãe sinto-Me obrigada a dar-vos os melhores conselhos. Se os seguirdes, vereis que a vossa vida muda e, seja ela como for, Comigo sentir-vos-eis felizes. Perguntai-Me com confiança: «Mãe, que quereis que faça?» Eu farei que sobre vós venha a luz que vos ilumine, que dissipe as vossas dúvidas e podereis caminhar em segurança, em tranquilidade e em paz. É a paz que quero dar-vos, a paz que é Minha, a paz de Jesus.
«O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão de mandar fazer»
Nestas Minhas palavras continuo a ensinar os Meus filhos sobre a forma de utilizar os bens que lhes são colocados na mão, seja de que forma for, sempre pela mão do Pai do Céu. A estas crianças o dinheiro viria das mãos mais diversas, e elas corriam o perigo de parar aí, de ver uma doação feita a elas, de forma popular e dispersa, e que elas poderiam utilizar segundo diversos critérios. Também vós, naquilo que recebeis, correis o perigo de pensar que é vosso, unicamente vosso, porque fostes vós que o ganhastes, por vezes com bastante dificuldade. Meus filhos, abri os olhos para a realidade das coisas. Neste mundo tudo é vosso, porque o vosso Pai, que o criou, vo-lo deu, o põe à vossa disposição, e vós tendes o direito e até o dever de Lho pedir, como filhos que sois, mas nada há que seja inteiramente vosso, a não ser o vosso pecado. Fazeis parte de uma grande família. Convencei-vos de que a vossa família não para nas pessoas do vosso sangue. A vossa família abarca todo o mundo. Tendes irmãos por toda a parte, de todas as cores, de todos os credos, em todas as nações, e tendes obrigação de os amar, mesmo aqueles que são desagradáveis, de os ajudar, de os proteger, de lhes valer. Nunca vos fecheis com aquilo que é vosso, porque o que vos sobra, aquilo que gastais em tanta inutilidade, que não vos serve para nada senão para fomentar a vaidade, falta a muitos irmãos vossos. O vosso Pai distribuiu a riqueza pelo mundo, de forma que todos pudessem viver, sem luxo, mas de forma agradável. Muitos guardaram para si grande parte dessas riquezas e, por isso, forçosamente, terão de faltar noutros lados onde muitos filhos, irmãos vossos, verdadeiramente irmãos vossos, morrem de necessidades várias. É este o grande pecado do mundo, que tem levado a muitos outros pecados. Por causa da ambição humana e por tudo faltar em alguns lados, têm deflagrado as guerras e os países fabricam cada vez mais as armas mortíferas para dominar ou para não serem dominados. Por causa da ambição e da miséria, caiu a humanidade no crime do aborto. Pelos mesmos motivos se praticam crimes de furto, de traição, os abandonos mais cruéis àqueles que não se podem defender. Por causa da ambição das coisas materiais, pela ambição das honras, dos cargos importantes, pela ambição do poder e do dinheiro, se cometem as grandes injustiças e se perdem muitas almas que, de tanto ambicionarem o poder, o sucesso, a riqueza, acabam por se quererem colocar a si próprios no lugar que só pertence a Deus e recusam curvar-se e obedecer-Lhe, a não ser para conseguirem alguma coisa de material, alguma estima humana, uma parcela de bem parecer junto dos irmãos, uma subida nas opiniões, nas honras, no poder. Meus filhos, como é perigoso possuir! Não queirais possuir senão o que vos é necessário. Não desejeis possuir estimas, lugares importantes. Tudo isso leva a ambições maiores, pois a ambição humana não para naquilo que em cada dia consegue. Essas ambições são desejos de soberba e levam-vos por desvios para caminhos errados. Dai do que tendes. Não vireis a cara ao necessitado material ou espiritualmente. Não acumuleis tesouros na terra, nem tesouros de dinheiro, nem tesouros de honras. Se tendes um lugar destacado, aproveitai-o para servir melhor, porque há muitos que precisam de se chegar a vós para minorar as suas penas.
Meus filhos, em tudo isto que vos aconselho, usai de prudência e bom senso. Dai de vós o que o Senhor vos dá, mas não permitais desperdício dos bens do Senhor, sejam quais forem, por quem não os estime e os aproveite para viver em preguiça. Orientai os vossos irmãos que sofrem de qualquer necessidade, com os vossos conselhos carinhosos. Não queirais só encher-lhe a mão e depois afastar-vos desinteressados. Quando dais, dai principalmente o vosso coração. Tende atenção aos abusos e escolhei principalmente instituições organizadas para fazer os vossos donativos materiais. Que nunca eles sirvam para fomentar o vício, mas para o curar.
Meus filhos, lembrai-vos dos vossos templos, dos vossos sacerdotes, alguns deles tão necessitados. Sede generosos com eles, porque estão ao vosso serviço e é vossa obrigação sustentá-los. Prestai atenção ao que aconselhei a estas crianças. Pedi-Me também sempre conselho e Eu vos ensinarei a usar aquilo que o Senhor vos dá. Sede filhos parecidos Comigo. Sede generosos, sede até magnânimos. Aquilo de que não precisais não é vosso, é de todos, e está nas vossas mãos para o distribuirdes.
Meus filhos, disse-vos a princípio que nada é vosso senão o vosso pecado, mas é preciso que vos diga que as consequências do vosso pecado também não são só vossas, pois estendem-se a todo o Corpo Místico, como ondulação provocada nas águas pela queda de um corpo. Quando caís, a ondulação do pecado atinge os vossos irmãos. Quando amais o Senhor, O servis, vos sacrificais para Lhe obedecer, quando Lhe rezais, essas vossas ações também vão atingir os vossos irmãos num alcance que desconheceis. Convencei-vos, meus filhos, de que sois irmãos, membros de um Corpo. Todo o Corpo espera a vossa ação, a ação que vós, como membros específicos podeis fazer. Muitas dessas ações só vós podeis e, se não as fazeis, ficam por fazer, com prejuízo para muitos. Não sois o centro de nada, não sois muito importantes, sois pequeninos nadas de que o Senhor Se quer servir, e Se serve, na medida em que vós o consentis.
Sede obedientes. Sede exatamente o que sois: filhos pequenos. O Senhor servir-Se-á de vós para espalhar as Suas riquezas, para espalhar o Seu Reino.
«Sim, alguns curarei durante o ano»
Meus amados filhos, tenho sempre os olhos em vós! Tenho tanta pena das vossas almas e dos vossos corpos sofredores! Como Eu desejo aliviar-vos, mas vós não quereis tomar os remédios que vos aponto. Como quereis, filhos, curar-vos sem remédios? Quando ides ao médico, não recusais tomar aquilo que ele vos aconselha. Aceitais até tratamentos dolorosos e operações difíceis. Não ousais pedir ao médico que vos cure sem vos receitar nada. E vindes ter Comigo, pedir a solução dos vossos males, das vossas doenças, dos vossos problemas, sem aceitar a receita que vos aponto, pedindo apenas um milagre, como se tivésseis direito a receber milagres para premiar as vossas vidas pecadoras. Meus filhos, as vossas doenças físicas são muitas vezes resultado dos vossos pecados que vos vão minando a alma e depois o corpo. Outras vezes são vos mandadas como sinal de alerta, para mudardes de vida, para prestardes atenção ao nada que sois, para verdes que esta vossa vida é transitória, para não esperardes que ela dure eternamente, como não dura eternamente a vossa juventude, a vossa força, a vossa beleza, os vossos gozos materiais. Nestes casos, como poderei Eu fazer-vos o milagre e curar-vos, sem que aprendais a aproveitar a lição que a doença vos traz? Tendes primeiro de mudar de vida, de vos arrepender, de vos chegar mais ao Senhor, e, só então, esperar a cura.
Quando vos sentirdes doentes, meus filhos, meditai. Fazei um exame de consciência, para verdes o que é que está mal convosco, nas vossas relações com Deus. Vede como está a vossa frequência de oração, como está a vossa caridade, como está o vosso perdão. Examinai como ocupais o vosso tempo, o que vedes, como vos distraís, como cumpris o vosso dever. Olhai para aquelas coisas que fazeis, que dizeis, que pensais, e que desagradam ao Senhor. Meus filhos, tendes muito de emendar, muito de modificar, e está vos sendo transmitido um sinal para acordardes dessa modorra em que andais e para lançardes mãos à obra na vossa emenda de vida. Eu quero curar-vos e curar-vos-ei, certamente, se tal for da Vontade do Senhor, e vir que aquilo que vos aflige vos serviu de medida de educação, de conversão. Não esqueçais também que há dores, há doenças que servem para santificação pessoal, ou para participardes da conversão dos vossos irmãos. São sofrimentos especiais que são dados a algumas almas. Há também doenças que vêm no fim da vida. Vós não sabeis os planos do Senhor a vosso respeito. Podereis ter vida curta ou longa. Pedi a cura, mas aceitai sempre a Vontade do Pai, que sabe o que é melhor para vós. Depois de procurardes emendar-vos daquilo que está mal, ficai em paz, porque, se a vossa doença não for final, nem for para partilhar com ela dos sofrimentos de Jesus, sereis curados.
Tende atenção à confiança que deveis ter, ao amor com que deveis encarar todo o sofrimento. Não desespereis, mesmo que tenhais de esperar. Todo o sofrimento vos é muito útil, se o souberdes aproveitar inteligentemente, se souberdes ver mais além que os limitados horizontes que vos cercam, se souberdes olhar para o Céu, onde vossa Mãe vos espera. Esperai vós por Mim com paciência. Aproveitai o tempo que vos é dado para crescer no Amor de Deus, e para diminuir nos vossos próprios conceitos. Se soubésseis como é precioso o tempo que desperdiçais! Meus filhos, desperdiçar o tempo é agir como crianças que deitassem fora ouro aos punhados. É ouro cada minuto que tendes. Se é um minuto com dor, é ouro enfeitado com pedras preciosas. Aproveitai-o. Oferecei-o ao Senhor como prova do vosso amor, e recebereis o Amor d’Ele em troca.
Ouvi o segredo que vossa Mãe tem para vós: aproveitai o vosso tempo. Usai-o com inteligência, pois dele depende o grande negócio da salvação das vossas almas. Usai-o com prudência e sereis vós a lucrar. Perguntai-Me todos os dias o que deveis fazer, e Eu ajudar-vos-ei a dirigir bem essa difícil empresa. Filhinhos, receio sempre a vossa fraqueza. Apoiai-vos em Mim, que Eu vos porei a salvo, trazer-vos-ei, finalmente, para a felicidade, quando o vosso tempo terminar. Até lá, trabalhai, com os olhos em Mim, como Eu tenho sempre os olhos em vós.
«Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas»
Com estas palavras, meus filhos, falei de algo muito importante. Quero hoje que presteis atenção a este ponto, para que vejais quanto tendes falhado em matéria tão grave. Reparai que vos digo: rezai, rezai muito. Rezar muito não é rezar de vez em quando; não é rezar uma vez por dia; não é rezar qualquer coisa, a correr. Rezar muito é isso mesmo que o nome indica: é rezar muito. Não digais que não podeis fazer isto que vos peço. Não digais que não tendes tempo, porque vós tendes muito tempo que desperdiçais com coisas sem importância, com divertimentos vãos, com coisas que a nada levam e que, se as não tivésseis, não vos fariam falta alguma. Tendes tempo disponível. Todos vós o tendes, mas não estais acostumados a aproveitá-lo, e deixais que passe sem o utilizardes. Dizei-Me: Em que ocupais o tempo das vossas idas e vindas? Em pensamentos que não sabeis depois descrever, talvez em conversas desnecessárias, em coisas para passar o tempo. Sabeis, meus filhos, que enquanto estais assim distraídos, se perdem almas? Oh, meus filhos, será que isto não vos aflige, vós que vos afligis tanto quando presenciais ou até quando sabeis de algum grande desastre, de algum acidente com perda de vidas? Meus filhos, a queda no inferno é pior que qualquer desastre, que qualquer catástrofe que possa acontecer no mundo, mesmo que fosse a sua completa destruição. Se tendes em vós um mínimo de sensibilidade, haveis de vos afligir por saberdes que irmãos vossos se perdem para sempre, optam pela desgraça eterna, como loucos que nunca mais poderão sair dessa desgraça, porque atingem a impossibilidade de mudar, de querer. A sua desgraça será quererem ser sempre desgraçados, preferirem o ódio eterno ao Amor Eterno, antes quererem, pelo motivo desse mesmo ódio, o eterno sofrimento, a curvarem-se perante Deus, a aceitar o perdão que Ele, certamente, daria, se eles quisessem.
Meus filhos, vós não podeis sequer entender como isto é, na realidade do seu horror, porque não suportaríeis entender plenamente tal coisa. Será suficiente se vos sentirdes preocupados, aflitos, com esta ideia, a ideia de que muitos se perdem, enquanto vós perdeis tempo, enquanto vós gozais. Que essa preocupação, essa aflição de verdes irmãos vossos a perderem-se, vos faça rezar por eles, rezar muito, rezar sempre, aproveitando para isso todas as oportunidades, pois todas as horas são horas para morrer alguém, e não sabeis se algum irmão se perderá porque vós não fizestes, pelo vosso lado, esforço de oração para romper a sua teimosia orgulhosa.
Um dia, no Céu, vereis quantas almas vos agradecerão, agora já humildes, as orações que fizestes por elas, mesmo sem as conhecerdes, e que lhes permitiu vencer, no último instante, o orgulho que as cegava e as punha em tão grave perigo. Mas é preciso que vos diga, meus filhos que, para certas almas muito obstinadas, rezar não basta. É preciso que façais sacrifícios por elas, os sacrifícios que elas não fazem, os sacrifícios que lhes ganharão o Céu, que são o passaporte de entrada para almas que recusam tratar dos documentos de pureza e humildade que as identificarão. É preciso que sejais vós a tratar disso para elas. Algumas, por certo, conheceis. Talvez até as tenhais na vossa família. Outras são para vós desconhecidas, mas perto ou longe, meus filhos, há sempre alguém que precisa de vós, da vossa oração, do vosso sacrifício. Tomai a peito esta missão que vos dei em Fátima. Se nesse tempo ela era importante, muito mais o é agora, nestes anos de impiedade, de indiferença religiosa, nestes anos em que se vive para o mundo e em que se faz gala da imoralidade. O Meu pedido vem diretamente para agora. Não é pedido de anos passados, a que já não seja preciso atender. Mais do que nunca, é preciso que atendais este Meu pedido, porque agora as almas correm perigo muito maior.
Fiz este pedido com tristeza, como Mãe que sofre por ver a desgraça de tantos filhos, e não poder fazer mais por eles. Agora peço-vos, com uma tristeza maior, pois vejo o pouco caso que fizestes do que vos disse e porque vejo um número cada vez maior de almas em perigo de perdição eterna. Atendei a vossa Mãe. Fazei o que puderdes pelos vossos irmãos. Não percais tempo, meus filhos. Tendes tão pouco! Muito menos tempo têm alguns irmãos vossos que precisam urgentemente da vossa oração e do vosso sacrifício. Muitos precisam agora, neste momento. Vede a importância de todos os momentos. Vede a grande responsabilidade que ponho nas vossas mãos: a ajuda na boa opção dos vossos irmãos. Muito depende de vós.
Orai, meus filhos. Começai a rezar, mas não logo, quando tiverdes mais tempo ou mais disposição, e sim agora, já neste momento e no outro e em todos os que puderdes. Habituai-vos a amar esses irmãos desconhecidos, que são muito amados por Jesus. Sim, todos são muito amados, mesmo aqueles que O não amam, que O recusam. Jesus ficar-vos-á eternamente grato por cada alma que ajudardes a salvar. Mostrai-Lhe amor, ajudando com as vossas orações e sacrifícios a salvar os filhos tão amados por quem Ele morreu e O recusam.
Meus filhos, conto convosco. Não Me desiludais. Sempre que rezais pelos vossos irmãos, abençoo-vos. Sempre que vos sacrificais por eles, beijo-vos. Rodeio-vos com os Meus cuidados, com o Meu Amor, e tudo farei por vós, para vos ajudar na vossa tarefa. Confiai em Mim. Eu quero confiar em vós.