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Guia de oração - Dicas para rezar

 

“Como é grande o poder da oração!”, dizia-nos Santa Teresinha, que, quando criança, dormia com o terço na mão. A oração, um verdadeiro encontro de coração a coração com Deus, é o centro da vida de todo cristão. É um grande presente que Deus nos deu e que nos faz tirar o bem do mal. Ainda que não exista um método infalível, trazemos aqui algumas dicas para a oração, as quais podem nos ajudar muito!

O que é oração?

A oração consiste em estabelecer uma relação pessoal com Deus, é deixar-se amar por Ele e responder ao seu amor. É permanecer um tempo com o Senhor, em um encontro com Ele, escutando e falando.

“Rezar não consiste em pensar muito, mas em amar muito”, dizia Santa Teresa D’Ávila. Rezar – ou orar – não é pensar em Deus, mas descansar nosso coração n'Ele: não passa pelas inclinações do intelecto, mas pelas do coração. Todo mundo pode rezar: batizado ou não, leigo ou religioso, basta apenas abrir o coração ao Senhor e acolhê-lo!

A vida de oração é, antes de tudo, um dom, uma graça dada por Deus. Não é “fazer sua oração” como se fizéssemos um dever, mas acolher o dom que nos é dado de podermos nos dirigir a Deus como nosso Pai, de nos dirigir a Jesus como nosso irmão, nosso amigo. A oração é uma ação gratuita: ninguém nos obriga a rezar.

Rezar é encontrar alguém e se deixar encontrar por ele, em uma relação que não passa pela inteligência, mas pelo coração. A chama que habita esse encontro consiste em crer, esperar e amar. A oração do coração é também chamada de oração teologal, porque Deus nos dá três virtudes, chamadas teologais, por meio dela, para cultivarmos em toda nossa vida, a fim de avançar no caminho da fé e da oração. São capacidades que Ele nos dá para esperá-lo: são elas a fé, a esperança e o amor.

A consiste em confiar no Senhor, acreditar em um Deus maior do que nosso intelecto consegue compreender. Ter esperança é aguardar – as grandes coisas se desenvolvem com o tempo. A esperança também está enraizada na fé – “Senhor, eu creio em tuas promessas, tu me darás muito”. Enfim, o amor, a caridade, a maior dentre essas virtudes, que também é dependente das outras duas. Santa Teresa D’Ávila utiliza a palavra “amizade” para designar nossa relação com Deus – todo encontro de amizade é um encontro de amor. Há, então, uma mudança, uma comunhão com o outro, por menor que seja nossa abertura de coração.

 

Por que orar?

A oração: a base do cristianismo

A oração está no centro e a origem da vida de todo cristão, é ela que dá sentido, ela é “o segredo de um cristianismo verdadeiramente vital”, como dizia São João Paulo II. Um cristão que não reza, corta suas raízes, esvazia-se de sua energia. Ele dá sem recarregar suas forças e perde o sentido de todas as coisas: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4).

No Evangelho segundo São Lucas, os apóstolos pedem que Jesus os ensine a rezar: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11, 1). Jesus atende o pedido deles e ensina a oração do Pai Nosso. A oração é uma herança direta de Jesus que, transmitindo-a a seus apóstolos, transmitiu-a a toda Igreja. Jesus mesmo passava numerosas horas em oração e encorajava os apóstolos a fazerem o mesmo – “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41). A oração de Jesus foi primeiramente a de um humano a Deus.

Rezar é se doar para estar na companhia do Senhor. Santa Teresa D’Ávila bem observou: “Não venha a oração para receber, mas primeiramente para se doar. [...] para estar na companhia do Senhor.” O objetivo primeiro da oração não é receber graças. É simplesmente acreditar na palavra de Deus, confiar n'Ele e amá-lo a partir de agora. Se vamos até Ele pela oração para nos doarmos, de forma gratuita, uma vez que nos entediamos, é mais fácil aceitar dar tudo ao Senhor e permanecer com Ele. Orar é oferecer a Deus nosso bem mais precioso: o tempo. É deixar um lugar para ele em nossa vida quotidiana e, assim, recolocá-lo no centro.

Oração de agradecimento

No coração a coração com o Senhor, como é bom agradecê-lo! A oração em que se agradece a Deus é chamada de ação de graças. Agradecer a Deus é também reconhecer todos os seus benefícios, suas maravilhas e aceitá-las. É exprimir uma verdadeira gratidão para com aqueles que nos cercam, e nos deixar maravilhar com tudo. A oração dos esposos, lida pelos noivos no momento da celebração do casamento, é uma ação de graças. Esse é o mesmo caso das orações de bênção, como a bênção antes das refeições, por exemplo. Existem numerosas orações de ação de graças, assim como belíssimos salmos.
 

Um salmo de ação de graças: Salmo 138(137)

“Eu te dou graças, Senhor, de todo coração:
pois ouviste as palavras da minha boca.
A ti cantarei diante dos anjos,
e prostrar-me diante do teu santo templo.
Celebro teu nome pela tua bondade e pela tua fidelidade:
pois tua promessa supera toda fama.
Quando te invoquei, me respondeste,
aumentaste em mim a força.
Senhor, todos os reis da terra te louvarão
quando ouvirem as palavras da tua boca.
Cantarão sobre os caminhos do Senhor:
‘Grande é a glória do Senhor!’
Excelso é o Senhor e olha para o humilde,
mas conhece o soberbo de longe.
Se ando no meio da angústia, tu me conservas a vida;
contra a ira dos meus inimigos estendes a mão
e tua mão direita me salva.
O Senhor completará para mim a sua obra.
Senhor, tua bondade dura para sempre:
não abandones a obra de tuas mãos.”

Geralmente, nos salmos e nas orações, a ação de graça está associada ao louvor: agradeço a Deus exaltando suas maravilhas!

Oração de louvor

Para os cristãos, louvar é adorar e glorificar a Deus. Por que louvar a Deus? O louvor é uma parte essencial da oração, ela permite homenagear a Deus admirando suas maravilhas, sua criação, sua presença em nossas vidas, seu amor. É reconhecer Deus como nosso Deus. O louvor é uma celebração à bondade d’Ele. Eu tiro o olhar das minhas preocupações e de mim mesmo para me voltar para o Senhor. Aprendo a conhecê-lo a fim de louvá-lo, pois como podemos cobrir alguém que não conhecemos de elogios?

Existem diversas orações de louvor e maravilhosos salmos que nos permitem louvar a Deus durante nossa oração da manhã ou da noite.

Temos a oportunidade de louvar o Senhor em tempos fortes da liturgia, é o caso, por exemplo, das orações recitadas na Páscoa.

Um salmo de louvor: Salmo 103 (102)

“Minha alma, bendize o Senhor
e tudo o que há em mim, o seu santo nome!
Minha alma, bendize o Senhor,
e não esqueças nenhum de seus benefícios.
É ele quem perdoa todas as tuas culpas,
que cura todas as tuas doenças;
é ele quem salva tua vida do fosso
e te coroa com sua bondade e sua misericórdia;
É ele que pela vida afora te cumula de bens;
tua juventude se renova como a da águia.
O Senhor age com retidão,
faz justiça a todos os oprimidos;
revelou a Moisés seus caminhos,
suas grandes obras aos filhos de Israel.
O Senhor é misericordioso e compassivo,
lento para a cólera e rico em bondade.
Não estará em demanda para sempre,
e não dura eternamente sua ira.
Não nos trata conforme nossos pecados,
não nos castiga conforme nossas culpas.
Pois quanto é alto o céu sobre a terra
tanto prevalece sua bondade para com os que o temem.
Quanto é distante o oriente do ocidente,
tanto ele afasta de nós nossas culpas.
Como um pai se compadece dos filhos,
o Senhor se compadece dos que o temem.
Pois ele sabe de que fomos feitos:
sabe que não somos mais que pó.
Como erva são os dias do homem,
ele floresce como a flor do campo;
basta que sopre o vento, desaparece,
e o lugar que ocupava não voltará a vê-la.
Mas a bondade do Senhor desde sempre
e para sempre é para os que o temem,
e sua justiça para os filhos dos filhos,
para os que guardam sua aliança
e se lembram de observar seus preceitos.
O Senhor estabeleceu seu trono nos céus;
seu império se estende sobre o universo.
Bendizei o Senhor, vós, seus anjos,
heróis fortes que executais suas ordens,
obedecendo sua palavra!
Bendizei o Senhor, vós, todos seus exércitos
que o servis e executais suas vontades!
Bendizei o Senhor, vós, todas suas obras,
em todos os lugares onde ele domina!
Minha alma, bendize o Senhor!”

 

Santo Agostinho dizia que “Cantar é rezar duas vezes”, portanto, também é possível louvar a grandeza e o poder de Deus por meio da música! Existem muitas músicas de louvor para todo gosto! Seja por meio de salmos, orações ou músicas de louvor, o importante é dizer a Deus um verdadeiro “Obrigado, Senhor!” que vem do mais profundo dos nossos corações!

Oração de abandono

A oração também pode ter o objetivo de nos colocar nas mãos de Deus e nos abandonar a Ele completamente. Podemos rezar pedindo que Ele nos ajude a confiar inteiramente n’Ele e deixá-lo guiar nosso barquinho. As orações ao Sagrado Coração de Jesus, por exemplo, têm o objetivo de nos introduzir no Coração de Jesus, a fim de nos oferecer a Ele. Santa Teresinha do Menino Jesus também nos ensina belas orações de abandono a Jesus.

O Pai Nosso, na frase “Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu” também nos coloca nas mãos do Senhor. Ele nos lembra que, se rezamos, não é para que o Senhor atenda o menor de nossos desejos, mas para que Ele nos guie cada vez mais para a santidade em nosso caminho.
 

A oração do Pai Nosso

“Pai Nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal. Amem."
 

Oração do abandono de Charles de Foucauld

“Meu Pai, Eu me abandono a Ti. Faz de mim o que te agradar. Não importa o que faças de mim, Eu te agradeço. Estou pronto a tudo, Eu aceito tudo. Tomara que tua vontade Se faça em mim, Em todas as tuas criaturas, Eu não desejo nada mais, Meu Deus. Eu coloco minha alma entre tuas maos. Eu a dou a ti, meu Deus, Com todo o amor do meu coração, porque eu te amo, e que é minha necessidade de amor de me doar, de me colocar em tuas mãos sem medidas, com infinita confiança, pois Tu és meu Pai.”

 

Oração de súplica

“Pedi e vos será dado!” (Mt 7, 7). A oração também tem o objetivo de pedir algo ao Senhor, mas podemos pedir tudo a Ele?

A oração não tem por objetivo preencher nossos vazios humanos ou tirar-nos dos caminhos que Deus tem para nós. Sobretudo, Deus não é um tipo de gênio da lâmpada que atende a todos os nossos desejos. É preciso ter atenção para não transformá-lo em uma solução a todos os nossos problemas. A ação de Deus é sentida por nós, ela nos traz uma paz profunda, uma alegria, uma força nova. O Senhor não está em nossas vidas para suavizar ou retirar as dificuldades do nosso caminho – Ele não fará isso –, contudo, Ele está ao nosso lado para nos dar a força necessária para superar as dificuldades. É, por exemplo, o caso das orações de cura, que transformam, antes de tudo, nosso olhar e nosso coração face à doença, as orações de proteção, as orações para o trabalho ou as orações para encontrar um amor. A oração de súplica não muda as coisas exteriormente, mas ela inegavelmente transforma a pessoa que reza. Uma oração recitada com fé é sempre fecunda, pois ela muda a nós mesmos. “Tudo o que, na oração, pedirdes com fé, vós o recebereis.” (Mt 21, 22).

A oração de súplica mais conhecida é a oração do Pai Nosso: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, que pede o auxílio de Deus a fim de que possamos superar os obstáculos de nosso dia, na alegria e no amor.

Os frutos da oração

A oração muda os corações dos homens e produz numerosos frutos, os quais são raramente imediatos e nem sempre da forma esperada, mas quanto mais temos a coragem de doar nosso tempo a Deus, mais nós veremos esses frutos a longo prazo em todos os setores da nossa vida. O primeiro e mais belo fruto da oração é a caridade. Jesus Cristo salvou o mundo, não pelo seu poder, mas pelo humilde amor, que se abaixa até encontrar aquele a ser salvo. A oração conduz à imitação de Jesus Cristo e nos abre ao amor. Quando rezamos, caminhamos com Jesus e procuramos imitá-lo.

Numerosos frutos vêm, por conseguinte:

- Uma paz profunda no íntimo do nosso coração;

- Uma verdadeira alegria que ilumina a nossa volta, independente das tempestades exteriores;

- Um outro modo de trabalhar, mais confiante, sabendo que Deus está conosco;

- Um olhar diferente sobre o outro, cheio de amor e de respeito;

- Uma nova forma de reagir às provações cotidianas, reler nossos desafios, edificar projetos;

- Uma análise da vida, dos obstáculos de nossa caminhada;

- Um olhar mais lúcido e mais profundo sobre o mundo.

A oração permite que foquemos novamente no que é essencial e a não ficarmos presos à superfície das coisas. Ela nos convida a não viver mais fora dos nossos corações, mas a ganhar em interiorização e, assim, em sabedoria, em profundidade e em autoconhecimento.

Concretamente, como orar? Um guia prático

A graça da oração, Deus nos dá através da oração: aprendamos a rezar rezando. Eis um pequeno passo a passo concreto, a fim de nos ajudar a rezar mais facilmente. Claro que somos todos diferentes, com nossas sensibilidades e particularidades, por isso é necessário adaptar à sua realidade!

Encontrar lugar adequado

Deus está sempre comigo, em todos os momentos: posso rezar em qualquer lugar! Entretanto, se tenho dificuldade para me concentrar, preciso encontrar um local calmo, tranquilo. A melhor forma é, em geral, ter um pequeno canto de oração em minha casa, feito para rezar, ou uma igreja próxima! Posso ainda estar em contato com a natureza ou aproveitar os momentos calmos do meu dia para ficar um tempo na companhia do Senhor.

Dedicar um pouco do meu tempo

Um minuto, meia hora, pouco importa, mas reservarei esse momento especial para Deus. É fácil passar o dia dizendo “não tive tempo”, mas a verdade é que temos sempre a possibilidade de tirar cinco minutos para uma breve oração da manhã, uma rápida oração da noite ou qualquer outro momento do dia. Uma boa oração e um agradecimento não precisam durar muito tempo. É sempre possível e agradável tirar um pouco do tempo para rezar, esvaziar a cabeça de todos os pensamentos e se concentrar em Jesus.

Invocar o Espírito Santo

Colocamo-nos em oração como trabalhamos: iniciamos a oração quando nos colocamos à disposição do Espírito Santo. Não sabemos previamente onde Ele vai nos levar, por isso é necessário estar aberto a Ele, com docilidade e disposição, para deixar iluminar e guiar por esse mestre da oração. Essa é sua função: a distância entre Deus e nós é imensa, e a função do Espírito Santo é nos aproximar mais de do Pai.

Posso começar minha oração pelo Sinal da Cruz, seguido de uma música ou uma invocação ao Espírito Santo, como as litanias ao Espírito Santo.

Apoiar-se em orações e no Evangelho

Se, por acaso, não tenho muita inspiração ou ainda não tenho o costume, não tem problema! É normal se sentir mais à vontade com orações já prontas, sem que exista essa imposição de improvisar. Nossa história cristã é cheia de santos com belas orações, de salmos maravilhosos, e esquecemos com frequência a beleza que está presente na oração do Pai Nosso ou da Ave Maria, quando recitada de todo coração. O momento de oração também é propício para refletir sobre a Palavra de Deus, Ele me amou e falou comigo antes que eu me dirigisse a Ele, e a Palavra dEle me alcança nas Santas Escrituras. Há muitas passagens belas que podemos meditar na oração da manhã, por exemplo. Também posso usar o texto do Evangelho como o lugar do meu encontro com Jesus, lendo, imaginando, parando em uma frase ou um versículo que me tocou mais profundamente e meditá-lo, seguindo os princípios da Lectio Divina.

Louvar, agradecer, pedir perdão, pedir

No começo da minha oração, posso agradecer a Deus por todas as graças que já recebi, todas as pessoas que encontrei, pedir que Ele me dê a força de que necessito. Posso também confiar ao Senhor àqueles que me são caros, louvar a Deus e admirar seus benefícios, ou dirigi-lo um pedido ou algo que realmente venha ao meu coração. O mais importante é falar de forma franca. Uma vez que rezamos, não é necessário termos ações mundanas ou esconder-mo-nos. Rezar é aceitar a verdade de si mesmo, dos outros e do mundo. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres.” (Jn 8,32).

Uma vez que não sabemos o que dizer a Deus, podemos usar como recurso a oração chamada por Santo Inácio de Loyola como exame de consciência. Essa é uma oração cotidiana que conserva a intimidade com Deus, ela é composta de três partes:

Agradecer: Eu começo agradecendo a Deus pelo melhor dos presentes, que é minha vida. Alegro-me com todas as coisas boas que aconteceram no meu dia, mesmo as menores delas!

Pedir perdão: Eu escuto meus sentimentos, os nomeio e encontro a causa deles, a fim de fazer uma melhor releitura do meu dia. Aproveito esse tempo para reconhecer e pedir perdão pelo que foi mais difícil para mim, o que eu poderia ter feito melhor. Se não encontro palavras para expressar meu arrependimento a Deus e o desejo de receber sua Misericórdia, posso recitar um ato de contrição.

Exprimir o meu “por favor”: Eu me volto, confiante, a Deus e confio o meu amanhã, oferecendo-o meus medos, minhas esperanças e meus anseios.

Fazer silêncio

Rezar é colocar-se na presença de Deus. Não é somente falar, mas também escutar. Para escutar, preciso silenciar, faço silêncio sobretudo em meu coração, faço uma contemplação. Um bom meio de manter-se concentrado pode ser ler uma frase do evangelho do dia e deixá-la internalizar em nós, impregnar-se em nós. Às vezes o simples fato de pronunciar o nome de Jesus nos ajuda a nos colocarmos em sua presença e estarmos atentos. A adoração e a meditação são orações silenciosas, consiste em simplesmente estar na presença de Deus e contemplá-lo, deixando-se contemplar por Ele.

Oferecer-se

“Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto.” (Rm 12, 1).

Quando tenho dificuldade de rezar, acabo me distraindo facilmente, a oração torna-se árida, é então nesse momento que devo oferecer minhas dificuldades ao Senhor. Eu me ofereço a Ele sem tentar compreender, controlar ou dispor. Minha maior riqueza é fazer-me pobre, dar espaço ao Senhor e deixá-lo adentrar. Oferecer-me a Deus é oferecer a Ele minhas fraquezas assim como meus esforços, pois o que conta não é ter me distraído 20 vezes na oração, mas ter renunciado a minha distração por 20 vezes, tentando sempre voltar à oração e me concentrar!

Despedir-se

Assim como o começo, a oração também tem um fim. Despedir-se, levar um tempo para agradecer por esse momento que passamos com o Senhor, que foi difícil ou agradável, é uma parte importante da oração. Despedindo-se dEle, colocamos novamente nossas vidas em suas mãos, confiamos nossas atividades futuras, nossos futuros encontros. Dizemos “até logo” e “obrigado(a)” e marcamos com Ele o próximo encontro.

Perseverar

A mais bela oração não é aquela que dura uma hora uma vez ou todos os anos, mas a oração regular que está ancorada em uma fé sólida. A oração nunca é em vão, ela sempre produz frutos, mesmo se estes não são perceptíveis de imediato. É claro que rezar todos dos dias não são sempre flores, às vezes tenho dificuldade de me colocar na presença de Deus, mas se eu tenho sempre comigo um objeto religioso, se recito o Pai Nosso ou uma Ave Maria em meu cotidiano, eu lembro de Deus a cada dia, e deixo espaço em meu coração para que Ele possa sempre voltar!

 

Oração pessoal ou oração comunitária?

Essa pergunta tem uma única resposta: as duas formas!

Oração pessoal

“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa.” (Mt 6, 6).

A oração não é apenas composta de gestos, sinais, louvores, cantos e palavras. A oração não consiste apenas em rezar pelos outros, agradecer, recitar o terço, ou um Pai Nosso. Rezar é, antes de tudo, um “cara a cara” com Deus no silêncio do nosso coração.

A oração pessoal também é conhecida como contemplação e é essencial para a vida de todo cristão. Ela permite que nos retiremos no silêncio do nosso coração e fiquemos a sós por um momento com o Senhor. Ela é um dom extraordinário de Deus, a respiração da alma, que permite que nos dirijamos a Ele e ganhemos em interiorização. A oração pessoal é indispensável, apenas nós somos os responsáveis pelo tempo que tomamos, o lugar que nos encontramos, a qualidade com a qual nos colocamos em oração. Ela nos permite também permanecer em Jesus, assim como Ele permanece em nós, e, assim, concentrarmo-nos no que é essencial: Deus.

A oração pessoal também pode ser realizada na adoração, a qual é um diálogo com Jesus Cristo, uma oração pessoal e íntima com Jesus, presente na hóstia consagrada: o Santíssimo Sacramento. “Isto é meu corpo, que é dado por vós.” (Lc 22, 19). O católico acredita na presença real de Jesus na eucaristia, e o momento da adoração é, portanto, uma troca silenciosa face a face, assim como um coração a coração com Jesus.

Para crescer na oração pessoal, posso fazer um acompanhamento espiritual, ou seja, encontrar um padre ou um(a) religioso(a) uma vez que tenho dúvidas. Às vezes o ato de falar pode ajudar a ter mais confiança em sua oração. Se a oração pessoal é necessária para o equilíbrio do cristão, a oração comunitária é também importante, tanto mais a missa, que é o momento do sacramento eucarístico.

Oração comunitária ou coletiva

A religião cristã, longe de basear-se no individualismo, encoraja as comunidades. Nós não somos cristãos isolados, somos cristãos unidos na Igreja, que é composta por inúmeros fiéis, na nossa família, nas nossas comunidades (grupos de oração, novas comunidades, institutos religiosos etc.).

Definindo-nos como cristãos, aceitamos pertencer a essa comunidade, depender dos outros, do amor dos outros, e eles se tornam dependentes de nós. Aceitamos crescer graças aos outros e fazê-los crescer conosco, como nos lembra São Paulo: “Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo.” (I Cor 12, 12). Sem os outros e seu amor não somos nada.

“Se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali no meio deles.” (Mt 18, 19-20).

Aí nasce a comunidade de oração. Os primeiros cristãos viviam em comunidade e rezavam juntos. Hoje, com exceção dos monastérios, conventos ou algumas comunidades de leigos, os cristãos vivem geralmente sozinhos ou em família, uma forma de comunidade mais reduzida que pode também ser objeto de nossas orações. Contudo, conservamos essa necessidade da oração coletiva, que nos une em nossa fé: o sacramento da eucaristia, celebrado na missa, é uma ocasião para os cristãos de se encontrarem regularmente e rezar juntos (Santo, Cordeiro de Deus, Senhor, tende piedade). O credo é igualmente recitado durante a missa e, ao recitá-lo, proclamamos o que constitui o fundamento da fé da nossa Igreja.

A oração universal também é um maravilhoso exemplo de unidade: rezamos todos juntos, por intenções coletivas, e nossas intenções pessoais. Essa oração permite que nos abramos aos outros e aos seus problemas, crescendo interiormente (descubra exemplos de orações universais de diferentes celebrações religiosas, como o batismo, o casamento ou o funeral). O Pai Nosso, ainda que regularmente recitado como uma oração pessoal, é uma oração comunitária, feita para rezar em comunidade: ela começa com “Pai nosso, que estais nos céus” e não “Meu Pai, que estás nos céus”! Durante as celebrações religiosas, rezamos juntos, é o caso da oração dos defuntos, lida durante os funerais. Por fim, a liturgia das horas, composta principalmente de laudes, vésperas e completas, é um tempo de oração comunitária fortíssimo em que sempre encontramos belas orações, dentre elas, a oração do Glória ao Pai.

Como está escrito no Catecismo da Igreja Católica (CIC 1175), “A Liturgia das Horas está destinada a tornar-se a oração de todo o povo de Deus. Nela, o próprio Cristo ‘continua a exercer o seu múnus sacerdotal por intermédio da sua Igreja’. Cada qual participa nela segundo o seu lugar próprio na Igreja e as circunstâncias da sua vida: os sacerdotes, enquanto dedicados ao ministério pastoral [...]; os religiosos e religiosas, em virtude do carisma da sua vida consagrada; e todos os fiéis, segundo as suas possibilidades [...]”. Quando rezamos a liturgia das horas, jamais rezamos sozinhos, mas em comunhão com toda a Igreja, em nome da Igreja e associado à Igreja. É uma oração comunitária destinada a dar ritmo ao nosso dia. Que termina sempre com intenções de oração destinadas a todos os cristaos e a todos os homens.

Um cristão só é um cristão em perigo. Às vezes é mais fácil rezar quando estamos em grande número, isso nos ajuda a perseverar na oração, dividir os fardos e as alegrias com os outros, partilhar sobre a fé ou simplesmente aprender a rezar. Muitas comunidades de oração têm como objetivo ajudar na oração ou simplesmente estarem unidos a outros cristãos no mundo todo.

Orar com os santos

A religião cristã, no decorrer da sua história, foi dividida em três confissões: o catolicismo, o protestantismo e a ortodoxia. Hozana é uma associação católica de vocação ecumênica, o que significa que ela é cristã e abriga comunidades de oração católicas, protestantes e ortodoxas. O termo ecumênico significa universal, o ecumenismo é um esforço particular dos cristãos para se unir em oração essas três grandes confissões. A oração dos santos não é encorajada no protestantismo, mas ocupa um lugar muito importante nas religiões católica e ortodoxa.

Orar com os santos, o que isso quer dizer?

Somos inúmeras pessoas a rezar com os santos. Eles podem nos parecer mais próximos de nossa humanidade do que Deus e nos motivar a rezar. Existem maravilhosas orações dedicadas a eles e cada santo é tradicionalmente associado a uma causa, um objetivo particular. Santa Rita é a padroeira das causas desesperadas e dos casais; São José é o padroeiro das famílias, dos trabalhadores e das moradias; Santo Antônio é conhecido como o santo casamenteiro a quem se pode pedir a intercessão para encontrar o amor; Santo Expedito ajuda os aflitos e desesperados, é conhecido como o santo das causas urgentes, São Miguel Arcanjo para os exorcismos; São Bento, que nos deixou como legado sua famosa regra de vida monástica etc. Também é possível pedir aos santos que roguem por nós junto ao Senhor através das ladainhas dos santos.

Os católicos podem também rezar para o anjo da guarda, a fim de invocá-lo e se colocar sob a sua proteção, em uma oração da manhã ou agradecer em uma oração da noite. Distante das superstições e crenças ocultas, nosso anjo da guarda é um protetor dado por Deus que é fiel a nós e tem a função de nos proteger de todo mal. São Padre Pio deixou um legado de diversas orações ao anjo da guarda!

No entanto, é necessário estar atento: jamais nós rogamos aos santos, mas nós pedimos a intercessão deles junto a Deus a nosso favor. Em outras palavras, sempre rogamos a Deus e a Jesus por meio dos santos! Os santos podem também ser para nós modelos e nos inspirar na nossa vida quotidiana.

A história do culto aos santos

A origem do culto aos santos começa desde os primeiros mártires do século II. Os primeiros cristãos iam aos túmulos dos mártires, que eram vistos como modelos, assim como Santo Inácio de Antioquia, Santo Expedito ou São Policarpo. Uma cultura de admiração – não confundir com adoração – foi gerada em torno desses homens e mulheres corajosos que deram suas vidas por Jesus. A partir do século IV era grande a quantidade de pessoas que os tomava como exemplo, também colocando-se sob suas proteções. Aconteceram diversos milagres, reforçando assim as orações de intercessão.

A Idade Média é marcada por uma passagem do culto aos mártires ao culto aos santos, que se difundiu rapidamente graças a um duplo movimento de devoção popular e vontade pastoral. A Igreja propõe a todos os cristãos os santos como exemplos de vida cristã, e os fiéis se colocam sob a proteção dos santos, dos quais a reputação milagrosa já está difundida. Na Europa, o culto das peregrinações, dos anjos e das relíquias decola, muitos santuários e lugares icônicos se desenvolvem, grandes catedrais são construídas a fim de abrigar os restos mortais dos santos.

A Reforma Protestante, no século XVI, afirma em claro e bom som que se os santos podem ser tomados como modelos de vida cristã, mas eles não são em hipótese alguma intercessores junto a Deus: Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Enfim, em 1563, o Concílio de Trento confirma a doutrina da Igreja Católica a respeito disso através das seguintes palavras: “Os santos que reinam agora com Cristo, oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham benefícios de Deus, por NSJC, único Redentor e Salvador nosso.”. O culto aos santos tem um lugar particularmente importante nas religiões católica e ortodoxa, como testemunham diversas obras de arte nessa temática, assim como todos os milagres que são associados a eles nos últimos séculos!

O lugar particular da Virgem Maria

Para os católicos, a Virgem Maria tem um lugar todo particular. Ela é a Imaculada Conceição. Aquela que foi escolhida por Deus para portar seu filho em seu seio. Ela é um modelo de pureza, doçura, humildade e Deus a reconheceu como uma mulher diferente das outras, dando a ela essa enorme graça: trazer Jesus Cristo ao mundo. A Igreja Católica a chama de três formas diferentes: Mãe de Deus, Virgem Maria e Imaculada Conceição, Ela possui inúmeras aparições no mundo, como em Fátima, Lourdes, Guadalupe… O dogma de Imaculada Conceição a reconhece como a única mulher sem pecado, que, pelo seu “Sim”, permitiu o nascimento de Jesus Cristo e sua presença como homem no mundo. Dessa forma, uma particular devoção é dirigida a ela e existem diversas orações de consagração à Virgem Maria. Apesar de ocupar um espaço particular na comunhão dos santos e sua relação privilegiada com o Senhor, Maria é uma santa. Uma vez que rezamos à Virgem Maria, pedimos sua intercessão por nós junto a Deus. Ela é uma intercessora poderosa de nossas orações.

As novenas

A novena consiste em rezar durante nove dias consecutivos para confiar uma intercessão, receber uma graça particular ou ainda se preparar para uma festa litúrgica. Geralmente, a intercessão de um santo é solicitada durante a novena. Essa forma de rezar é muito popular, sem dúvida isso acontece porque é uma oração baseada na natureza humana: espalhada em diversos dias, a novena nos permite tirar um tempo para colocar diante do Senhor nossas dificuldades, desejar o seu auxílio e preparar nosso coração para receber as graças que Ele concederá.

Por outro lado, podemos encontrar mais facilidade em nos dirigirmos aos santos ou à Virgem Maria do que a Deus. Seus exemplos podem nos inspirar e saber que eles rezam ativamente por nós pode ser um grande sustento em nossas vidas.

Novenas a Santa Rita e a São José são tradicionalmente muito populares, cada um solicitado por seus próprios carismas. Muitas novenas são também dedicadas à Virgem Maria, por exemplo para preparar o coração para celebrar sua Imaculada Conceição, dia 15 de agosto de cada ano, ou a novena a Nossa Senhora Desatadora dos Nós. São Miguel Arcanjo reúne também uma grande quantidade de devotos por meio das novenas, particularmente quando se trata de combate espiritual. Em contrapartida, apesar de certas novenas serem bem conhecidas, não existe nenhuma regra para iniciar uma novena. Podemos confiar qualquer intenção e pedir ou não a intercessão de um santo de nossa escolha.

O santo terço

Enfim, existe uma forma de oração muito difundida para rezar a Deus por meio de Nossa Senhora: o santo terço. O terço diz respeito ora a uma oração, ora a uma meditação bíblica. Ele é composto por cinco mistérios de Jesus Cristo, meditados durante o Pai Nosso, 10 Ave Marias e um Glória ao Pai.

“Apegue-se ao Rosário como as folhas de hera se agarram na árvore; porque sem Nossa Senhora não podemos permanecer!", repetia-nos Santa Teresa de Calcutá.

O terço, também conhecido como “oração do povo” é um belo e simples meio para rezar no dia a dia. Ele nos lembra a oferta que Jesus nos fez de sua vida e permite que nos coloquemos no Coração de Maria por revivermos momentos fortes de sua vida. Seja em uma dezena, um terço ou um rosário completo, cada Ave Maria é como uma rosa que lançamos aos pés de Maria, como um “muito obrigado(a)” que dirigimos a ela do fundo do coração. Mas qual é a diferença entre todas essas orações? Uma dezena corresponde a 10 Ave Marias. Um terço, à meditação de cinco mistérios, ou seja, cinco dezenas. O rosário, por sua vez, é composto de todos os mistérios, ou seja, quatro terços. Uma vez que o rosário é recitado, rezamos, portanto, 200 Ave Marias!

Há também outras orações que podem se recitar durante o terço, como o terço da Divina Misericórdia ou o terço a São José. Menos conhecidos, mas todos tão belos quanto o dedicado à Nossa Senhora, eles nos convidam a redescobrir a vida de Jesus e a caminhar sobre seus passos através o olhar do homem, que foi elevado e protegido.

Fonte: https://hozana.org/pt/oracao

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Domingo, 24 de Novembro de 2024










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