As jubarte, ou baleias-corcunda (Megaptera novaeangliae) estão a juntar-se em grupos mais numerosos do que o habitual
As baleias-jubarte, animais geralmente solitários, estão a organizar-se em grande número e ninguém sabe explicar o porquê. O mundo está a acabar e só esta espécie de baleias é que se apercebeu disso?
As baleias-jubarte, ou melhor dizendo, baleias-corcunda, costumam andar em grupos, no máximo, com dez a vinte animais. Agora, estão a reunir-se em grupos com cerca de 200 elementos na costa da África do Sul – um fenômeno que os especialistas não conseguem explicar. Estes animais migram até as águas tropicais para se reproduzirem, mas, nesta altura do ano, costumam procuram alimento mais ao sul, nas águas geladas da Antártida. No entanto, expedições científicas continuam a ver grupos grandes destas baleias na África do Sul.
Os investigadores, que apresentaram os dados obtidos nessas expedições num artigo publicado na PLOSone, têm algumas ideias sobre porque é que isto está a acontecer, mas ainda não há uma resposta clara.
Congregações de baleias geralmente indicam que certas partes do oceano são especialmente ricas em alimento. Tem de haver uma densa concentração de presas para suportar tantas baleias-jubarte nesta área.
Estes animais comem de tudo – desde krill, plâncton e peixes pequenos – e têm uma forma especializada de caçar, chamada de ‘alimentação por rede de bolhas’.
As baleias dividem-se, algumas rodopiam em torno de um grupo de peixes, sopram um pouco de ar e formam assim uma rede de bolhas que os confunde, capturando-os. Uma vez que passam muito tempo sozinhas, as baleias podem realizar uma manobra semelhante por conta própria. Algumas nem sequer sabem como se alimentar assim porque não é um comportamento intrínseco – é algo que aprendem. Por isso, estes enormes grupos de baleias indicam claramente que andam à procura de alimento, pelo menos em parte, mas ninguém sabe realmente porque é que agora andam em grupos tão grandes.
Parece ser um fenômeno recente, observado nos últimos cinco anos, por isso pode até ser explicado pelo simples fato das populações de baleia-jubarte mais novas já permitirem este tipo de aproximação.
No passado, cerca de 90% das baleias-jubarte de todo o mundo tinham sido caçadas, mas agora existem novamente mais espécies, desde que, em 1996, se tornaram uma espécie protegida. Ou seja, talvez as jubarte sempre foram sociais, só que simplesmente não existiam muitas delas para que isso se pudesse notar.
Fonte: https://zap.aeiou.pt/mundo-pode-estar-acabar-so-as-baleias-jubarte-sabem-disso-153182
(Título original: O mundo está a acabar e só as baleias é que sabem disso)