A origem do porco doméstico é o javali europeu e, sua domesticação remonta a 5000 anos a.C., e é creditada aos chineses. Os gregos criavam porcos e os destinavam a sacrifícios consagrados aos deuses Ceres, Marte e Cibele.
O consumo da carne de porco, sempre gerou polêmicas. Moisés e Maomé, por exemplo, proibiam o uso de carne de porco na dieta humana, porque alegavam que era nociva à saúde. Os romanos foram grandes consumidores de carne suína – nos festins ou regularmente, pelos nobres e a plebe. Os ibéricos e gauleses também criavam porcos e, Carlos Magno indicava o consumo de carne de porco aos seus soldados e seguidores. Na época, chegaram a ser editadas leis que puniam com severos castigos os ladrões e matadores de porcos.
Na América, foi o descobridor Cristóvão Colombo, quem introduziu os primeiros animais, em 1493, na região de São Domingo. Dessa ilha, foram levados para a Colômbia, Venezuela e Equador, espalhando-se por todo o continente americano.
No Brasil, os primeiros suínos chegaram ao litoral paulista em 1532, trazidos pelo navegador Martim Afonso de Sousa e, logo em seguida, à Bahia.
Hoje, há noventa raças conhecidas, com mais de duzentas variedades. Atualmente, em muitos países, os porcos, estão sendo criados como animais domésticos de estimação, por demonstrarem inteligência e emoções – não sendo mais só encarados como ‘comida’. Os porcos que vêm sendo utilizados como animais domésticos são o porco do Vietnã (ele atinge cerca de 20 kg), e o mini porco.
Porcos amontoados numa suinicultura.
Corte dos dentes dos porquinhos.
Porcos de granja normalmente são abatidos quando chegam a cerca de 100 kg;
É prática generalizada os porquinhos serem cruelmente mutilados sem anestesia logo depois de nascerem. As caudas são amputadas e os dentes são cortados para minimizar os ferimentos que os porcos possam fazer uns aos outros. Os machos destinados ao consumo são castrados. Não lhes são dados quaisquer analgésicos para os aliviar do sofrimento em nenhuma destas amputações extremamente dolorosas;
Os leitões são habitualmente separados das suas mães depois de 2 a 4 semanas de vida, e são alojados com outros leitões que não conhecem. Se separados muito cedo, eles chamam pelas mães com sons frequentes e distintos e, em alguns casos, parecem mesmo desistir de viver;
Por conta própria, os leitões tendem a ser desmamados com cerca de 15 semanas, mas nas granjas industriais eles são desmamados com 15 dias – com essa idade, não conseguem digerir direito comida sólida, por isso recebem remédios contra diarreia;
Uma série de antibióticos, hormônios e outros produtos farmacêuticos na comida dos animais mantém a maioria deles viva até o abate, a despeito das condições de higiene e confinamento em que são mantidos;
Vivendo em espaços de cimento, sem qualquer elemento mínimo de enriquecimento, nunca é dada a oportunidade de fazer o que de mais basicamente necessitariam: explorar o ambiente e o solo, correr, tomar banhos de sol ou de lama, ou, sequer, respirar ar fresco;
As porcas passam a maior parte das suas vidas em celas de gestação – tão pequenas, que elas mal se conseguem mexer e muito menos virar-se. São continuamente engravidadas, até que sejam abatidas. Às porcas usadas para criação mantidas ao ar livre são muitas vezes aplicadas argolas no nariz para impedi-las de tentarem procurar raízes (escavando na terra), o que é extremamente doloroso para estes animais com narizes tão sensíveis e que precisam tanto ter a oportunidade de explorar o solo. Uma porca mantida numa cela vazia, com chão de cimento, tentará sempre ter o mesmo tipo de comportamento e de movimentos como se estivesse tentando construir um ninho, mesmo que esteja fisicamente impedida de o fazer e mesmo sem ter quaisquer condições para tal. Os porcos machos são mantidos solitariamente em celas para lhes ser retirado o sêmen;
É muito comum os porcos sofrerem de pneumonia e outras doenças, bem como apresentarem diversos ferimentos físicos. Para minimizar os riscos de doenças, são-lhes administrados rotineiramente antibióticos;
Contrariamente à fama que têm, os porcos são animais muito asseados. Eles gostam de chafurdar na lama, sobretudo para se refrescarem nos dias mais quentes (e porque suas peles se queimam ao sol). Os porcos não conseguem suar, por isso chafurdam na lama para se refrescar. Se tiverem espaço, os porcos nunca fazem as necessidades junto do local onde comem ou dormem. No entanto, nas explorações da indústria, são obrigados a viver permanentemente em cima das próprias fezes e da própria urina;
Não é incomum porcos aguardando o abate terem ataques cardíacos ou perderem a capacidade de se locomover;
As vidas dos porcos são abrupta e violentamente interrompidas depois de uma curta existência. Na natureza, os porcos poderiam viver até os 15/20 anos de idade. Depois do sofrimento também no transporte, os porcos são mortos nos matadouros por sangria, através do corte da jugular, depois de terem sido eletrocutados para ficarem atordoados. Por causa dos ineficazes métodos de atordoamento, muitos porcos ainda estão vivos quando são atirados para dentro de água fervente, que serve para lhes retirar os pelos do corpo e para lhes amaciar a pele. Quando são mortos, os porcos machos ainda são pouco mais velhos do que bebês – têm apenas cerca de seis meses de idade;
A suinocultura se expandiu no mundo inteiro, com exceções de alguns países da África e do Oriente Médio, porque o Islamismo proíbe o consumo de carne de porco. Com 38 milhões desses animais, o Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo.
Corpos de leitões no açougue.
O princípio mais elementar, mais básico em relação à alimentação, diz respeito à sensibilidade para com as outras formas de vida – nossa relação com outros seres vivos e a sua utilização como alimento. O abate animal sempre envolve dor e violência. Para quem é abatido, não existe ‘abate humanitário’. O princípio holístico de compromisso com a vida envolve integração e compaixão. A postura contra a violência deve traduzir-se na incompatibilidade, na incongruência do consumo de carnes – qualquer carne, e seus produtos. A abstenção da carne não é uma restrição alimentar, uma dieta – torna-se um ideal. Para o vegano, não comer carne é uma das leis da própria existência, lei fundamental para que esta se mantenha. Deve-se ser holístico, na compreensão de que as ações (também o ato de comer) refletem nossa posição em relação à vida e ao mundo como um todo. Temos liberdade que, nada mais é, do que a consciência das alternativas e das possibilidades das escolhas. A liberdade é, na realidade, uma das contingências da consciência. Liberdade de escolha é estar vinculado ao fluxo da vida e à nossa própria integridade. Aquilo que ingerimos passa a fazer parte de nós – temos a liberdade, a capacidade de escolher não ingerir dor nem violência. É uma responsabilidade que, devemos ter conosco. A alimentação é nosso maior comprometimento com nossos corpos e com nossas almas.
COMO FUNCIONA A CRIAÇÃO DE PORCOS
Pensemos na vida de uma porca prenha. A sua incrível fertilidade é a fonte do inferno específico em que vive. Enquanto uma vaca tem apenas um vitelo de cada vez, a moderna porca parideira industrial tem, amamenta e cria uma média de 9 bácoros.
A porca será invariavelmente mantida prenhe o mais possível, quase toda vida. Depois de os leitões terem sido desmamados, uma injeção de hormonas fará com que a porca fique rapidamente pronta para ser inseminada artificialmente em apenas 3 semanas. Quatro em cada cinco vezes, a porca vai passar as dezesseis semanas de gravidez limitada a uma ‘gaiola de gestação’, tão pequena que o animal nem é capaz de se virar. A densidade óssea vai reduzir-se devido à falta de movimento. Não vai ter cama e muitas vezes, por raspar nas grades, desenvolve chagas escuras cheias de pus do tamanho de moedas.
Mais grave e abrangente é o sofrimento provocado pelo enfado e pelo isolamento, e pela frustração do poderoso instinto da porca para se preparar para os bácoros que vem a caminho. Em estado natural, a porca passaria grande parte do tempo antes do parto a forragear e finalmente iria construir ninho com erva, folhas ou palha. Para evitar um ganho excessivo de peso e para reduzir ainda mais os custos com a alimentação, a parideira enjaulada verá o alimento ser-lhe limitado e muitas vezes passa fome. Os porcos apresentam a tendência inata para usar zonas separadas para dormir e para defecar, algo completamente impossível quando confinados. Tal como a maioria dos porcos nos sistemas industriais, as porcas prenhes têm de deitar-se ou andar sobre os seus excrementos.
Cela de gestação e amamentação.
Quer sejam mantidas em gaiolas de gestação ou em pequenos currais durante a gravidez, quando dão à luz serão sempre confinadas a uma gaiola tão restritiva como a gaiola de gestação. Um trabalhador disse ser necessário ‘dar cargas de porrada (às vezes com barras de ferro), para as enfiar nas gaiolas, porque elas não querem entrar.
Um estudo do Comité Científico Veterinário da Comissão Europeia documentou que os porcos em gaiola revelam ossos enfraquecidos, riscos acrescidos de lesões nas pernas, problemas cardiovasculares, infecções urinárias e uma redução tão severa na massa muscular que a capacidade para o porco se seitar fica afetada. Outros estudos indicam que a genética deficiente, a falta de movimento e a má nutrição deixam 10 a 40% dos porcos com fragilidades estruturais, devido a problemas com fraqueza de joelhos, pernas arqueadas e metatarso varo.
Muitos porcos enlouquecem por causa da reclusão e roem obsessivamente as grades da gaiola, pressionam continuamente os bebedouros, ou bebem urina. Outros exibem comportamentos de pesar que os cientistas descrevem como ‘impotência aprendida’.
Temos finalmente os leitões, a justificação para o sofrimento das mães. Muitos bácoros nascem com deformações. Entre as doenças congênitas mais comuns incluem-se palato fendido, hermafroditismo, mamilos invertidos, ausência de ânus, pernas deformadas e hérnias. Durante as primeiras quarenta e oito horas, as caldas e os colmilhos, os dentes caninos muitas vezes usados para morder os outros leitões, são extirpados sem qualquer anestésico, numa tentativa de minimizar os ferimentos infligidos pelos porcos uns aos outros quando competem pelas tetas da mãe.
Também durante esses dois primeiros dias, os bácoros criados na pecuária industrial são muitas vezes injetados com ferro, devido à probabilidade de o crescimento rápido e a reprodução intensiva da mãe ter deixado o leite fraco. No espaço de dez dias os testículos dos machos são arrancados, mais uma vez sem anestésicos. Desta vez o objetivo é alterar o sabor da carne.
Por sua conta, os leitões costumam deixar a teta da mãe por volta das quinze semanas, mas na pecuária industrial, serão desmamados normalmente aos quinze dias. Com este tempo os bácoros não conseguem digerir devidamente os alimentos sólidos, pelo que lhes são dados mais medicamentos para evitar a diarreia.
Os bácoros são depois obrigados a entrar em gaiolas de arame -’creches’. Essas gaiolas são empilhadas umas em cima das outras, caindo fezes e urina das gaiolas mais elevadas para cima dos animais que se encontram nas mais baixas. Ficam nessas gaiolas o maior tempo possível até serem levados para currais apinhados. Os currais são deliberadamente mantidos cheios porque, não tendo grande espaço para se mexer, queimam menos calorias e engordam com menos alimento.
Apesar das condições a que estão sujeitos, uma barragem de antibióticos, hormônios, e outros produtos farmacêuticos na ração dos animais mantém-nos quase vivos até a altura do abate. As condições úmidas de reclusão, as quantidades atrozes de animais com sistemas imunitários enfraquecidos pelo stress e gases tóxicos dos excrementos e da urina que se vão acumulando tornam estes problemas quase ubíquos. Entre 30 a 70% dos porcos terão algum tipo de infecção respiratória no momento do abate.
É então que chega o momento do matadouro.
Tendo perdido toda a curiosidade, instinto gregário e confiança em si mesmos, os porcos de criação industrial perdem todas as qualidades naturais. Parece propositadamente que tudo aquilo que qualquer porco tem tendência natural para fazer é subvertido, suprimido, extinto. A vida do porco foi distorcida, pervertida, deformada, retorcida para além de qualquer possibilidade de reconhecimento. Não lhes é permitido viver nenhuma das suas vidas no mundo exterior. Nunca chegam a ver a luz do sol.
Fontes: https://www.anda.jor.br/2013/07/porcos-torturados-e-assassinados/ e http://odireitoavida.blogspot.com.br/2013/08/como-sao-criados-os-porcos.html
Nem sempre refletimos sobre as consequências de nossos atos. Ao optarmos por comer um prato com carne, em geral não associamos essa escolha à morte de um animal, condenado por nós.
Ao pagarmos para que outros executem sua morte, nem sempre lembramos que assim sustentamos uma indústria que lucra com a prática da violência.
Mas a violência começa bem antes da morte, e muito sofrimento está incluído naquela nossa decisão.
Se o modo como vivem e morrem os animais ‘de criação intensiva’ fosse revelado ao grande público, certamente muitos ficariam indignados e enojados ao perceberem que eles próprios estão promovendo tanto sofrimento.
Os porcos, por exemplo, são originalmente animais alegres, companheiros, brincalhões e inteligentes. Quando em liberdade, formam grupos sociais estáveis, constroem ninhos comunitários, defecam em áreas apropriadas – bem longe dos ninhos, e são ativos, passando a maior parte do dia fuçando nas proximidades da mata. Quando as porcas estão prestes a parir, saem do ninho comunitário e escolhem local para construir o ninho, onde cavam buraco e o forram com grama e galhos. Ali parem e vivem por cerca de nove dias, até que elas e os leitõezinhos voltam a se reunir ao grupo.
Confinados pela ‘indústria do porco’, as porcas reprodutoras pesando mais de 100 quilos ficam confinadas em baias com pouco mais de 60 cm de largura, com piso de cimento, cercadas de barras metálicas, durante até 4 anos, em sucessivas gestações. Mal conseguem se mover. Assim que parem, seus filhotes são retirados delas. Frustradas, deprimidas, impotentes, fora do alcance de ajuda, esquecidas pelo mundo, a não ser pela sua carne.
Ao optarmos por participar dessas crueldades, estamos praticando violência tão nefasta quanto a que criticamos e repudiamos nos noticiários.
Lembrando que o mal nunca é necessário, entre ter compaixão ou provocar dor, o que você escolhe?
(Palavra Animal – Por Nina Rosa Jacob - Fonte: https://www.anda.jor.br/2008/12/o-mal-nunca-e-necessario/)
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